Silicone, cera e parafina
Tem gente que passa no cabelo os mesmos ingredientes usados para lustrar e proteger lataria de carro. Mas não se anime: a cera automotiva é altamente tóxica e inflamável.
Nathália Braga
PROTEGE – Cera de carnaúba
Extraída das folhas da carnaubeira, palmeira típica do Nordeste brasileiro, é a cera mais dura que existe – só derrete acima de 80 ºC. Além de proteger a pintura contra sol e chuva, ela dá brilho à lataria. Também é usada para dar lustro à casca de maçãs. Sim, em pequenas quantidades, a cera é comestível (em grandes, dá diarreia).
CONSERVA – Parafina
Nos carros ela funciona como nas pranchas de surfe: preenche os poros da pintura, formando um filme que impermeabiliza a superfície. Em vez de escorrer pela lataria, a água da chuva se transforma em pequenas gotículas, favorecendo a conservação da pintura. A função é parecida com a da cera de carnaúba, mas a parafina entra para baratear a mistura.
DÁ BRILHO – Fluido Silicone
Mais um ingrediente para ajudar no quesito brilho. É derivado do silício, ou seja, areia. E é isso que o torna um ingrediente polêmico: alguns fabricantes alegam que, com o tempo, ele pode riscar a pintura do carro. Mas a história não é comprovada. Com alto poder lubrificante, o silicone é usado em outros 5 mil produtos: de cosmético para cabelo a próteses para turbinar os seios.
DISLVE – Solvente alifático
A função desse derivado do petróleo é dissolver os ingredientes da cera, deixando o produto mais fluido e fácil de ser aplicado. Quando a cera é passada sobre o carro, o solvente evapora, deixando aquela pasta seca, mais fácil de ser polida. Antes disso, é altamente inflamável. Por isso, o aviso: “Mantenha afastado do calor e de chamas”.
LIXA – Silicato de alumínio
Genericamente chamado de “mineral”, os minúsculos grãos de silicato funcionam como uma lixa, limpando a pintura oxidada e realçando a cor que está por baixo da tinta velha. Por isso, a estopa pode ficar com a cor do carro. E é por isso também que não dá pra abusar desse ingrediente: cada vez que ele é aplicado, a pintura fica um pouco mais fina.
INTOXICA – Hidróxido de amônio
Derivado da amônia, um gás incolor tóxico e corrosivo. Com a parte corrosiva não precisa se preocupar: a quantidade presente na cera não vai estragar a lataria. Mas com o fator tóxico, sim. Tanto que se recomenda usar óculos, luvas e lavar as mãos após o uso. O risco compensa: o hidróxido controla a acidez da cera, fundamental para a sua conservação.
Fontes: Afonso Neto, professor de química da UFRN; Associação Brasileira da Indústria Química; Fernando Dutra, professor de química Unicsul; Elizabeth Scheffer, coordenadora do curso de química da UEPG; Keila Melo, doutora em química pela UFRN; Omar A. El Seoud, professor do Instituto de Química da USP; Tereza Dantas, professora de química da UFRN; Valmir Felippe, químico da 3M responsável pelo produto; Wagner Polito, professor do Instituto de Química de São Carlos, da USP.
Golfinhos são vistos usando esponjas como chapéus
Por que os incas cavaram milhares de buracos em uma montanha? Estudo traz pistas
Megacidade das aranhas: cientistas descobrem a maior teia do mundo em caverna entre Albânia e Grécia
Papa Leão 14 revela seus quatro filmes favoritos







