Comportamento

Receber elogios faz você ir mal em provas de matemática

Isso afeta principalmente mulheres — que ouvem com mais frequência comentários inconvenientes sobre sua aparência em situações profissionais e acadêmicas

Por Bruno Vaiano SEGUIR SEGUINDO
21 mar 2018, 11h53

Não pode elogiar que estraga. Mesmo. Um artigo científico da Universidade de Tel Aviv, em Israel, mostrou que estudantes que são elogiados por sua aparência física logo antes de fazer uma prova de matemática tiram notas piores que seus colegas.

Um dos testes envolveu 75 homens e 73 mulheres, 92% deles heterossexuais. Metade deles ganhou um agrado verbal de pesquisadores do sexo oposto, metade não. Depois, todos fizeram uma prova de matemática desafiadora. A pontuação dos elogiados foi em média 0,9 ponto menor que a do grupo de controle — o que é pouco, sem dúvida, mas ainda é notável.

A objetificação do corpo da mulher é muito mais comum que a do corpo do homem, o que fez os pesquisadores levantarem a hipótese de que comentários sobre a aparência física — principalmente se feitos por estranhos — teriam um efeito psicológico negativo maior sobre o desempenho de mulheres.

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Por isso, em outro teste, a prova foi aplicada em 88 estudantes universitárias. Metade das voluntárias simplesmente resolveu as questões. As outras 44, antes de começarem a prova, precisaram escrever um relato sobre uma situação profissional ou acadêmica em que foram elogiadas por sua aparência física por homens com quem não tinham intimidade. Com a lembrança, o desempenho delas foi pior.

Os testes não são conclusivos, mas dão uma dica importante para combater o machismo. “Nós achamos que é importante conscientizar o público – professores, chefes e colegas de trabalho — sobre os efeitos negativos de comentários aparentemente positivos”, afirmaram em comunicado os pesquisadores responsáveis. “Na nossa pesquisa, tanto homens quanto mulheres foram negativamente afetados pelo elogio. Na vida real, porém, nós sabemos que são as mulheres que recebem os elogios, então são elas as mais atingidas.”