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Quase metade dos franceses ignoram o sinal vermelho

41,9% das travessias de rua do país ocorrem com o semáforo fechado — no Japão, são só 2%

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 fev 2017, 20h08 - Publicado em 15 fev 2017, 20h04

Nas ruas da França, ao que tudo indica, as peças decorativas não são vasos de plantas, mas os semáforos de pedestre. 41,9% das travessias de rua do país ocorrem com o sinal fechado — no Japão, em comparação, são só 2%. Homens na faixa etária entre 20 e 30 anos de idade são mais propensos a cometer a infração que mulheres ou pessoas mais velhas. No artigo científico, que está disponível aqui, pesquisadores da Universidade de Estrasburgo afirmam que a diferença não tem nada a ver com o medo que cada povo tem de ser atropelado (ou mesmo com a chance de levar uma multa pela travessia ilegal, prática comum em legislações de trânsito ao redor do mundo). O problema, na verdade, está no quanto você se preocupa com a opinião dos outros.

Foram analisadas 3.814 travessias em Estrasburgo, na França (o local da universidade), e 1.631 na cidade de Nagoya, no Japão. Homens tendem a tomar a decisão de cometer a infração baseados em informações recolhidas na hora, como a quantidade de carros na rua e a distância que eles estão do cruzamento, e não dão tanta atenção ao comportamento de outros pedestres. Eles também tomam a decisão errada mais rápido e mais vezes: 40,6% dos casos. As mulheres, por outro lado, dão mais atenção às decisões tomadas pelos demais transeuntes, e cometem infrações em só 25,7% dos casos.

A mesma diferença que há entre homens e mulheres se reflete nas diferenças entre franceses e nipônicos. “Os franceses respeitam menos as regras… Eles são menos preocupados com a aprovação social de seus atos”, afirmou um dos pesquisadoresCédric Sueur. “No Japão, as pessoas se importam mais com a opinião alheia.” O dado é reforçado por um estudo anterior, em que os pedestres foram observados fazendo as travessias em locais isolados, fora de horário de pico e distantes do olhar do público: nessas circunstâncias, 67% dos franceses ignoraram o semáforo, contra os 41% do estudo atual, feito em regiões centrais e em horários em que mais de uma pessoa atravessa a rua ao mesmo tempo.

A conclusão é que levar a cultura de um lugar em consideração na hora de planejar campanhas de conscientização sobre segurança no trânsito pode ser a chave para evitar comportamentos perigosos, de acordo com os pesquisadores. Na França, por exemplo, sinalizar com um apito o pedestre que toma a iniciativa de atravessar fora da faixa pode ajudar a conter os que tentarem imitar a má ideia antes que eles sigam em frente.

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