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Praia proíbe banhistas – por conta do ímpeto sexual de um golfinho

Um golfinho francês excitado pode ser mais perigoso do que você imaginava.

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 29 ago 2018, 20h22 - Publicado em 29 ago 2018, 19h28

Imagine que você tirou aquelas merecidas férias e resolveu ir para o sul da França aproveitar belíssimas praias. Mas, chegando lá, você fica sabendo que os banhistas estão proibidos de nadar. O motivo? Nem tubarão, nem correntezas agressivas: um golfinho carente.

Esse bichinho ficou tão conhecido que tem até apelido: Zafar. Sua fama começou meses atrás, por conta da simpatia do bicho, que brincava e interagia muito com os visitantes da Baía de Brest. Ele chegou até a permitir que algumas pessoas segurassem sua barbatana dorsal enquanto ele as levava para passear – uma cena digna de Free Willy (antes que você reclame: orcas são golfinhos!).

Mas, esse interesse repentino por humanos não era à toa. Zafar estava cheio das segundas intenções. “Ele está no cio”, disse um especialista em mamíferos marinhos ao jornal francês Ouest-France.

Atitudes mais invasivas como o golfinho tentando se “esfregar” nos banhistas e até mesmo em barcos ou boias começaram a deixar claro o que motivava o bichinho. A coisa ficou grave quando ele tentou se “engraçar” para cima de uma banhista, impedindo que ela retornasse à costa e quase afogando a moça. Zafar chegou a levantou uma outra mulher para fora da água com o focinho. Aí as autoridades viram que era hora de tomar uma atitude drástica.

O prefeito de Landevennec, cidade do acontecido, publicou um regimento proibindo a natação e o mergulho na Baía de Brest sempre que Zafar for visto na região. Essa medida foi aprovada por muitos – visitantes e moradores locais já estavam ficando meio assustados com o comportamento “safado” do golfinho.

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Não dá para agradar gregos e troianos, é claro. O Erwan Le Cornec, que é especialista em direito ambiental – e publicamente conhecido por gostar de nadar e brincar com Zafar – disse ao Le Telegramme que planeja tomar medidas legais contra o decreto “excessivo”. “Este animal não é perigoso”, disse ele. “Nunca houve nenhum contratempo no ambiente natural entre um golfinho e um humano. Você pode simplesmente não ligar para a presença dele ou não nadar com ele se for um péssimo nadador.”

Ao Ouest-France, Le Cornec afirmou que o prefeito quer pintar Zafar como uma “besta feroz, totalmente imprevisível, capaz de afogar pessoas”. E o prefeito rebateu, afirmando que a decisão de impor a proibição foi feita somente depois de consultar especialistas em mamíferos marinhos.

Apesar de toda a polêmica, o comportamento de Zafar não é incomum para um animal na situação dele. Ele é o que os especialistas chamam de “golfinho socialmente solitário”, o que significa que, por algum motivo desconhecido, ele se separou (ou foi isolado) de seu grupo de golfinhos, e agora vaga sozinho pela imensidão azul.

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“O golfinho está querendo, precisando, ansiando por contato social com semelhantes, e essa necessidade não é correspondida”, disse Elizabeth Hawkins, pesquisadora chefe da Dolphin Research Australia, ao The Washington Post. “Por isso, ele pode tentar diferentes comportamentos em relação aos seres humanos para tentar obter essa satisfação social”. Ou seja, é daí que vem as atitudes “ousadas” de Zafar – ele está tentando atender suas necessidades biológicas.

A cientista também elogiou a atitude do prefeito de Landevennec: “um golfinho adulto com esse tipo de comportamento pode ser bem insistente, muito agressivo”, disse ela. Especialistas alegaram que quando golfinhos atacam humanos eles podem gerar ferimentos graves como braços, pernas e costelas quebradas.

Além disso, a pesquisadora afirmou que a proibição também vai proteger Zafar de um destino triste, mas comum entre golfinhos solitários: morte prematura nas mãos de humanos. Hawkins diz que se acostumar ao contato humano pode diminuir os instintos naturais do animal de ficar atento a ameaças potenciais, assim deixando os bichinhos vulneráveis ​​a atropelamento por barcos ou abusos ​​de pessoas.

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Essa história, aliás, relembra que não é a primeira vez que casos amorosos entre golfinhos e humanos viram notícia: na década de 60, como parte de um experimento da NASA, uma treinadora de animais manteve contatos sexuais – e praticamente um relacionamento sério – com um golfinho. Quase A Forma da Água da vida real. Com a separação do golfinho da moça, o animal acabou cometendo suicídio, motivado pelo seu coração partido (e/ou frustração sexual). Talvez a proibição possa impedir que o mesmo aconteça com Zafar.

 

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