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Nacionalidade pode influenciar no quanto as pessoas gesticulam enquanto falam

Estudo feito com italianos e suecos mostra que, sim, os italianos falam bastante com as mãos.

Por Leo Caparroz
31 mar 2024, 10h02

Você provavelmente já imitou (ou viu alguém imitar) um italiano com um sotaque berrado e balançando a mão com as pontas dos cinco dedos juntas – um gesto parecido com esse emoji 🤌. Esse estereótipo é parte da grande crença de que italianos falam com as mãos, fazendo muitos e enfáticos gestos.

Apesar dessa presunção, poucas pesquisas realmente investigaram as diferenças culturais na frequência e função que os gestos têm em situações parecidas. Não existiam muitos dados que comprovassem ou negassem que a nacionalidade influencia nesse aspecto da expressão. 

Uma dupla de pesquisadoras da Universidade de Lund, na Suécia, descobriram que sim, você gesticula mais dependendo de onde nasceu – e os italianos realmente falam com as mãos. O estudo foi publicado na revista Frontiers in Communication.

As cientistas recrutaram 24 voluntários – 12 italianos e 12 suecos. Eles deveriam assistir a um episódio do desenho infantil Pingu e descrevê-lo a um amigo que nunca tinha visto. Enquanto os voluntários realizavam essa tarefa, a dupla de pesquisadores examinava os seus gestos.

Os suecos fizeram, em média, 11 gestos a cada 100 palavras. Já os italianos fizeram o dobro: 22 a cada 100.

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Tipos de gestos

As pesquisadoras dividiram os gestos em duas categorias: gestos representativos e gestos pragmáticos.

Gestos representativos são metafóricos, eles significam alguma coisa e são feitos para exemplificar. Quando você torce o punho fechado em 45° para simbolizar o ato de abrir uma porta, é um gesto metafórico. Quando você bate a lateral de uma mão na palma da outra para dizer que vai cortar alguma coisa, é um gesto metafórico.

Já um gesto pragmático não faz parte do significado enunciado. Eles são usados para expressar um comentário ou uma posição em relação à fala do locutor, ou para pontuar ou enfatizar o discurso. É aquele giro com a mão movida para o lado com um comentário “é que assim”. É o movimento de sobe e desce em forma de regência que marca a passagem para uma nova informação, como “e aí eu fiz tal coisa” (em itálico as palavras que coincidem com o gesto).

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Os participantes não diferiam só na quantidade, mas também na função dos gestos. Os suecos usaram principalmente gestos representativos para ilustrar os eventos e ações da história – eles imitaram o movimento de um rolo de massa quando falavam de cozinhar, ou faziam uma pinça com os dedos ao dizer que o personagem pegou alguma coisa.

Os italianos faziam esses movimentos, mas também tinham uma preferência pelos gestos mais pragmáticos que comentam a história. Segundo o estudo, esse gesto pode estar sendo usado para apresentar uma informação ao ouvinte – mesmo que o movimento seja genérico, sem exemplificar a ação em si.

Isso sugere que as duas culturas pensam de forma diferente sobre a forma como uma narrativa é produzida. Segundo os cientistas, os gestos podem refletir o que as culturas consideram importante sobre o conteúdo e o propósito de uma história.

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A amostragem ainda é pequena e inconclusiva. Para pesquisas futuras, seria interessante aumentar os grupos estudados e expandir a diversidade de nacionalidades.

A dupla espera estudar os gestos usados em diferentes tipos de discurso, e com diferentes relações entre os falantes – não só ao narrar um episódio de Pingu para um amigo. Seu objetivo é continuar a esclarecer como várias culturas usam gestos para comunicar e contar uma história.

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