Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

…Dinheiro desse em árvore?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 24 out 2010, 22h00

Paula Soares

Não, você não sairia pegando nota de R$ 100 por aí. Dinheiro tem de ser escasso para ter valor, ou ninguém o usaria como moeda de troca. Por isso, o governo não permitiria que nascesse dinheiro no quintal de qualquer um – controlaria ele mesmo toda a plantação. Quer dizer, mais ou menos. O governo estaria nas mãos da natureza. Teríamos safras boas e safras ruins de dinheiro, de acordo com o clima. Mas depender da natureza não seria algo tão estranho assim para a economia. Afinal, dinheiro já deu em árvore: maias e astecas usavam cacau como moeda. Bastaria que os governos se adaptassem, estocando notas e restringindo o total em circulação, para reduzir o risco de crises. E nós, com menos papel-moeda na carteira, usaríamos cartão de crédito para tudo.

O papel-moeda que usamos é composto de linho e algodão. Por isso, a árvore de dinheiro só poderia ser um híbrido entre a Linum usitatissimum L. (a planta do linho) e a Gossypium L. (o algodoeiro). O governo seria o dono de todas as mudas, mas teria um certo trabalho para evitar que espertinhos roubassem sementes e iniciassem cultivos clandestinos. Seria preciso se prevenir até contra animais que, inocentemente, poderiam carregar as sementes.

A questão do solo seria decisiva para a geopolítica. Países que tivessem as regiões ideais para o cultivo do dinheiro teriam tanto poder quanto hoje têm exportadores de petróleo. China e Índia, maiores produtores de algodão, sairíam em vantagem. Países que não tivessem extensão de terra suficiente para cultivo precisariam arrendar terrenos de vizinhos. Surgiriam acordos e alianças internacionais. E até guerras pelo domínio de terra propícia ao plantio.

Continua após a publicidade

Tá verde, mas tá maduro
Com dinheiro nascendo no pé, até passarinho poderia gerar crises na economia

Oásis no deserto
O local ideal de cultivo da árvore combinaria duas características: clima propício (para aumentar o rendimento da safra) e distância de áreas populosas (para reduzir os riscos de contrabando). Um deserto seria uma boa escolha, já que o clima seco favorece a cultura de algodão. Bastaria que o governo recorresse a técnicas de irrigação, como as usadas no deserto de Negev, em Israel.

Continua após a publicidade

Teje preso, passarinho
Além de ladrões, o governo teria outro inimigo: a natureza. O vento poderia espalhar as sementes fora da área oficial, o que obrigaria as autoridades a manter um perímetro mínimo de segurança ao redor da plantação. E as árvores teriam de estar protegidas por grades ou estufas. Seria o jeito de evitar que passarinhos e outros animais pegassem sementes e as carregassem por aí.

Ministério dos biólogos
O Ministério da Moeda cuidaria da produção e proteção do dinheiro. Formado por biólogos e engenheiros agrônomos, o ministério garantiria o equilíbrio entre notas e moedas mais e menos valiosas por manipulação genética. Também criaria condições para que a safra fosse sempre boa. E administraria as forças dedicadas a coibir contrabando e falsificação.

A safra quebra, a economia não
A árvore de dinheiro levaria aproximadamente 90 dias para dar notas, por ser um híbrido entre as plantas de algodão e linho. Mas a economia não pode esperar uma safra, porque precisa de dinheiro constantemente. O jeito seria estocar. Só uma parte do dinheiro colhido poderia ir para as ruas e entrar em circulação.

Continua após a publicidade

Mais falso que nota de 3
Dinheiro falso seria dinheiro transgênico. Só daria para fazer no quintal de casa se você montasse um laboratório com tecnologia pra isso. Para combater a falsificação, o Ministério da Moeda imprimiria número de série nas notas (como é feito hoje). E usaria testes genéticos em casos relevantes, como pedidos da polícia.

Põe na conta
Com pouco papel-moeda circulando, dependeríamos de cartões de crédito e débito. A maioria das compras seria registrada virtualmente, o que dificultaria a vida de sonegadores. Subornos também minguariam. Estaríamos mais expostos a roubos virtuais. E ninguém sairia por aí dando R$ 1 como esmola. Pior para os mendigos, que morreriam de fome.

Fontes Bráulio Borges, economista-chefe da LCA; Carlos Hotta, especialista em ciência das plantas; Jack Weatherford, antropólogo e autor de A História do Dinheiro; Luccas Longo, especialista em recursos florestais; Márcia Pedroza, professora da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da PUC-SP; Mirela Scarabel, economista da LCA; Tábata Bergonci, especialista em fisiologia e bioquímica de plantas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.