Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Califórnia deve tornar a maconha tão legalizada quanto chocolate

Liberação do uso recreativo no Estado mais rico do planeta pode tornar a maconha legal no mundo todo, em pouco tempo.

Por Tarso Araújo
Atualizado em 8 nov 2016, 19h57 - Publicado em 8 nov 2016, 18h48

No dia em que todas as atenções do mundo se voltam para a disputa entre Hillary Clinton e Donald Trump pela casa Branca, outra eleição ferrenha promete mudar os rumos da história. Nesta terça-feira, os eleitores da Califórnia também podem decidir se a maconha deve ser legalizada ou não no estado mais rico dos EUA. As últimas pesquisas indicam que a proposta 64 – que regulamenta a produção e a venda da droga para uso recreativo – vai ser aprovada com alguma vantagem. Se isso se confirmar, o movimento pela legalização da maconha vai ganhar um fôlego e tanto.

>Nos EUA, a “onda verde” já está crescendo exponencialmente, pelo menos a julgar pelo avanços dos últimos plebiscitos. Em 2012, Colorado e Washington legalizaram. Em 2014, foi a vez de Alaska e Oregon. Em 2016, além da Califórnia, outros quatros Estados tentam abrir o comércio de maconha: Arizona, Maine, Massachusetts e Nevada. Com os cinco plebiscitos aprovados – e essa chance existe – o número de estados americanos com a droga legalizada pularia de 4 para 9, do dia para a noite. E um em cada quatro americanos passaria a viver num estado em que se pode comprar cannabis na lojinha, como álcool ou cigarro.

A Califórnia sozinha, no entanto, é suficiente para causar uma saia cada vez mais justa para o governo dos EUA. É o Estado mais populoso e rico o país. Para se ter uma ideia, se a Califórnia fosse um país, ela seria a quinta maior economia do mundo à frente do Brasil e da França. Logo, não surpreende que as estimativas de faturamento para o mercado local de cannabis sejam igualmente impressionantes. A consultoria Arcview, que conecta investidores ao mercado legal de cannabis, estima que as vendas com maconha para uso medicinal e recreativo cheguem  a US$ 22 bilhões em quatro anos, se a legalização passar. Seria um mercado maior que o do famoso vinho californiano, por exemplo.

Fora o faturamento, o Estado ainda iria economizar uma baita grana com polícia e penitenciárias. A Califórnia, que ainda prende pessoas por uso e tráfico de maconha, tem uma das maiores populações carcerárias dos EUA (que por sua vez tem a maior do mundo). Essa despesa com cama, comida e roupa lavada para presos é uma pedra no sapato do Estado há anos. Durante o governo do exterminador Arnold Schwarzenegger, eles chegaram a prender pessoas em ginásios, por falta de espaço. E os crimes de drogas são um dos principais motivos de encarceramento do Estado, como na maioria dos países do continente americano.

Continua após a publicidade

Se o exemplo do Colorado e de Washington foram suficientes para incentivar outros 9 plebiscitos em 4 anos (dois foram submetidos mas reprovados em 2014), imagine os outros Estados americanos vendo a Califórnia faturar alto com a maconha. E pode imaginar uma influência muito maior, porque além do fator econômico, tem o fator cultural. Afinal, você nunca ouvir o Lulu Santos cantar “Garota eu vou pro Colorado”, certo?

Além de uma potência econômica, a Califórnia é influente não apenas nos EUA. Sozinha, mexe com o mundo inteiro. A Califórnia é Hollywood. É Los Angeles e São Francisco. É a terra do cinema, do surf, do skate, do velho oeste. E até da maconha. Foi por lá , nos anos 70, que inventaram o Skunk, variedade mais famosa da planta no mundo. Foi na Califórnia, também, que passou a primeira lei de maconha medicinal dos EUA, há exatos 20 anos. Desde então, metade dos Estados americanos seguiu a tendência e aprovou leis semelhantes. A pergunta não é tanto se eles vão seguir a onda californiana e legalizar o uso recreativo também. Seria mais adequado perguntar quando.

Vale dizer que, pela lei federal, a maconha continua proibida. Mas uma espécie de acordo de cavalheiros existente entre os americanos, os Estados têm autonomia para legislar sobre qualquer tema, eventualmente contrariando a normal federal. Mas a maioria da população americana já defende a legalização. Na última pesquisa do Gallup, as pessoas a favor representavam 58% amostra – a mesma fração dos eleitores na Califórnia. Conforme novos Estados ganham dinheiro com esse mercado  legalizado, fica cada vez mais difícil para o congresso manter esse status quo. E é aí que a história pode mudar mesmo. Porque quando os EUA terminarem sua proibição da maconha, não vai faltar países seguindo a tendência, a começar pelo nosso.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.