É o manifesto surrealista da canção aleatória, traduzido em versos concretos porém surreais de um nonsense não-arbitrário, escolhido com ilógico e óbvio propósito de aludir a nada. De Tom Zé a Zé Ramalho, de Marisa Monte a Jorge Mautner, só não podia faltar homenagem a Djavan, o mestre maior da disruptura de todos os sentidos.
Alguns trechos para saborear a grandiosidade da insensatez:
Chão de Giz – Zé Ramalho
“Agora, pego um caminhão / Na lona, vou a nocaute outra vez / Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar. / Meus vinte anos de boy: That’s over, baby! / Freud explica”. Nem Freud, nem os sheiks árabes.
Guzzy Muzzy – Jorge Mautner
“Será que você tomou / Cachaça com chuchu / Não consegue responder / Guzzy guzzy muzzy, hey you”. Ficou difícil.
Relicário – Nando Reis
“É uma índia com colar / A tarde linda que não quer se pôr / Dançam as ilhas sobre o mar / Sua cartilha tem o A de que cor?” Boa pergunta.
Força Estranha – Caetano Veloso
“A vida é amiga da arte / É a parte que o sol me ensinou / O sol que atravessa essa estrada que nunca passou / Por isso uma força me leva a cantar / Por isso essa força estranha / Por isso é que eu canto, não posso parar / Por isso essa voz tamanha”. Por quê mesmo? Alguém?
Na Estrada – Marisa Monte
“Sala, sem ela, tem janela / Inclino, em cerca de atenção / Ela vem, e ninguém / Mas ela vem em minha direção”. E a sala, com ela, não tem janela? Cadê o botão para pedir ajuda aos arquitetos?
Swing de Campo Grande – Novos Baianos
“Aqueles que têm uma seta e quatro letras de amor / Por isso onde quer que eu ande / Em qualquer pedaço, eu faço / Um Campo Grande”. Se a carne é de carnaval e o coração é igual, tá tudo bem!
Mas esse papo já tá qualquer coisa. Aceitamos interpretações, elocubrações e insinuações nos comentários. Ouça nossa seleção no Spotify:
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