App de corrida revela a localização de militares e espiões
O aplicativo Polar Flow, que mede a distância percorrida durante os exercícios, acabou revelando a identidade, os endereços e a rotina de 6.400 funcionários de agências de inteligência dos EUA, da Inglaterra e da Rússia
Há cada vez mais ceticismo quanto à segurança dos dados que as pessoas fornecem às grandes empresas de tecnologia. O caso do vazamento de informações do Facebook ainda está fresco na memória. Mas pouca gente desconfiaria de um aplicativo fitness como o Polar Flow, que registra atividades como caminhada, corrida e ciclismo.
Uma investigação do site de notícias holandês de Correspondent descobriu que era possível usar as informações cedidas pelo app para identificar os funcionários que trabalham em bases militares e prédios governamentais, bem como onde eles moram e quais locais costumam frequentar. No total, foram identificados mais de 6.400 usuários que, acredita-se, trabalham em locais sensíveis, como a National Security Agency, a Casa Branca, a agência de inteligência britânica MI5 e sua contraparte russa, a GRU.
Os dados também permitiram identificar equipes de instalações de armazenamento nuclear, silos de mísseis, prisões e locais como a Baía de Guantánamo. Por uma falha de segurança, o Polar Flow expunha essas informações na internet. Seu fabricante admitiu o problema, e prometeu uma atualização para corrigi-lo.
Não é a primeira vez que acontece algo do tipo. No início do ano, o aplicativo de exercícios Strava esteve no meio de uma polêmica parecida, quando foi descoberto que os mapas de calor da empresa, que mostram atividades dos usuários ao redor do mundo, também poderiam ser usados para identificar bases militares, inclusive algumas que eram secretas até então. Está ficando cada vez mais difícil se esconder – e isso também vale para espiões.