Apavorando nas gírias
Escritor cria dicionário com 33 mil expressões e ditos populares
Ana Greghi
O fessor João Bosco Gurgel, que é cabra lá do Ceará, fez um livro bão dimai da conta: o Dicionário de Gíria (735 páginas, R$ 60), que ajunta todos os ditos rolando por este Brasilzão – e até nos países africanos onde se fala português. São verbetes engraçadíssimos (veja alguns ao lado), que Gurgel se dedica a catalogar desde os anos 70 – quando foi morar no Rio e se surpreendeu com a quantidade de gírias usadas pelas pessoas. “A gíria não é apenas a linguagem dos marginais, dos malandros”, conta. Seu jeito preferido de descobrir gírias é ler jornais populares, destinados às classes C e D, que costumam estar cheios de expressões engraçadas, e receber contribuições via internet – se você sabe uma gíria nova, que só tem aí na sua quebrada, pode mandar um salve pelo site https://www.cruiser.com.br/giria, firmeza? Sem pioiagem.
Algumas das gírias mais engraçadas
Inusitadas
Pisar na minhoca: demorar, atrasar.
Rango 0800: comida de graça.
Sexo
Ralarala no sacanation: excitação.
Zé do broquinha: bumbum.
Drogas
Ópio de pobre: maconha.
Pichicata: cocaína.
Termos do funk
Na bisteca: na coxa.
Pinelado: doido, louco.
Pipa no céu: pintou mulher na área.
Regionalismos
A balde: (Piauí) de montão, muito.
A culhão: (Bahia) de qualquer jeito, na marra, sem interesse.
Comer reggae: (Bahia) acreditar em absurdos.
Mulher de dez skols: (Rio) mulher feia, que só é paquerada por homem que bebe muito.
Munheca de pau: (Pernambuco) mau motorista.
Pirar o melão: (Santa Catarina) ficar bêbado.
Gírias africanas
Deu caldo: morreu.
Pica: injeção, vacina.
Quentex: bebida forte.
Apanhado dos cornos: doido, maluco.
Descascar amendoim: subornar.