A diplomacia dos pandas
Governo chinês usa o urso panda como instrumento para fazer alianças com outros países - mas ele também é uma fonte de brigas
Pieter Zalis
O crescimento econômico e o poder comercial da China intimidam. Mas, para mostrar que são simpáticos e querem construir alianças, os chineses apelam para um embaixador fofo: o urso panda. A China tem o hábito de presentear outras nações com esse animal. “Os pandas mostram nossa amizade pelos países amigos”, afirma Tian Min, conselheira da embaixada chinesa em Brasília.
Atualmente, há 46 pandas “diplomáticos” distribuídos por 11 países. A prática começou a ganhar força quando o presidente americano Richard Nixon visitou a China, em 1972. A mulher dele, Pat, viu a imagem de um panda num maço de cigarros, e disse que eram bonitos. O então primeiro-ministro chinês, Zhou Enlai, escutou o comentário – e resolveu dar dois pandas aos EUA.
Mas os ursos também podem ser fonte de discórdia. A China planejava dar um par deles de presente à cidade de Sendai, no Japão, após o tsunami de 2011. Mas em 2012 os países brigaram pela posse de um conjunto de ilhas – chamadas de Senkaku pelos japoneses e Diaoyou pelos chineses. E o Japão não quer mais os ursos.
Em Taiwan, onde há dois pandas enviados pelos chineses (Tuan Tuan e Yuan Yuan), os bichos têm atraído críticas de políticos nacionalistas. Eles dizem que os pandas são uma tentativa de ganhar a simpatia da população e forçar a reincorporação de Taiwan à China. Faz sentido, pois “tuan yuan” significa reunião, em mandarim. Por isso, os nacionalistas pedem que ninguém visite os ursos – que estão no zoológico da capital do país, Taipei. Pobres pandas.