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5 detalhes que fãs de Harry Potter transformaram em belas teorias

Para fãs criativos, pequenas lacunas na narrativa se tornaram oportunidades – tristes ou hilárias – de ampliar ainda mais o universo da série

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 26 jun 2017, 18h43 - Publicado em 26 jun 2017, 18h41

Hoje Harry Potter e a Pedra Filosofal completa 20 anos de lançamento. Nessas duas décadas, os fãs já puderam reler a série várias vezes e encontrar, em pequenos detalhes da narrativa, portas para outras histórias “escondidas”. De vez em quando, a própria J.K. Rowling aparece no Twitter comentando algumas dessas teorias – afinal, é esse tipo de criatividade dos fãs que manteve a série viva depois de tanto tempo (muito mais que a própria peça da Criança Amaldiçoada, diga-se de passagem).

Aqui vão 5 trechos que os fãs interpretaram, picotaram e juntaram, seja para amplificar o universo de Harry Potter ou só para emocionar outros fãs.

1. Bichento

5 detalhes que fãs de Harry Potter transformaram em belas teorias

Em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, Hermione vai até a loja de Animais Mágicos comprar uma coruja, mas sai de lá com um gato laranja gigantesco. A primeira coisa que Bichento faz quando eles entram na loja é saltar do alto da gaiola e atacar Ron – ou, mais especificamente, seu rato, que está meio doente, o Perebas. O gato passa o resto do livro tentando matar o bicho. Seria apenas um caso mágico de Tom e Jerry se não fosse… Lily Potter.

No último livro, As Relíquias da Morte, Harry está morando em Grimmauld Place, na casa do finado Sirius, quando encontra a última carta que sua mãe escreveu. Lá ela menciona que Harry, com um aninho, ganhou uma vassoura de brinquedo – e quase atropelou o gato deles montado nela. Depois de ler a carta, Harry fica se perguntando se o gato sobreviveu e o que teria acontecido com ele.

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Era tudo que os fãs precisavam: Bichento e o gato dos Potter seriam o mesmo animal. A favor da teoria, está o fato de que Bichento sempre detestou Perebas – que era, na verdade, Pedro Pettigrew, traidor dos Potter, disfarçado. Ele também fez amizade com Sirius Black na sua forma de cachorro gigante e o ajudou a fazer contato com Harry.

Contra a teoria está o fato de que Sirius deveria reconhecer o gato dos amigos, se esse fosse o caso. Além disso, Bichento não é um gato comum. Ele é parte amasso, uma criatura mágica esperta que é capaz de perceber quando alguém não é confiável – o que explica a desconfiança mesmo que ele não pertencesse à Lily Potter. Mas isso, é claro, é muito menos divertido do que a teoria em si.

2. Uma baita festa de Halloween

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Harry Potter e Neville Longbottom nasceram muito perto um do outro: qualquer um dos dois poderia ter sido O Escolhido para derrotar Voldemort, segundo a profecia da Profa. Trelawney (se você não lembra dela, está na hora de reler a série!).

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Mas, para os membros espertinhos do fandom, isso pode ter um significado totalmente diferente: se ambos nasceram no final de julho de 1980, há uma chance razoável de ambos terem sido concebidos no final de outubro. Ou seja: bem na época do Halloween, festa bastante celebrada pelos bruxos, ao menos os de Hogwarts.

Eles estariam no meio da primeira guerra contra Voldemort, sem muitos motivos para celebrar. Aí a Ordem da Fênix (de que faziam parte tanto os Potter quanto os Longbottom) sai do isolamento por uma só noite. Eles se encontram, festejam, voltam para suas respectivas casa festa felizes e animados. Rola um clima de romance não precavido… E nove meses depois, nascem dois meninos. Resultado: tanto Harry quanto Neville foram acidentes (os pais do Harry só tinham 19 anos, afinal), “feitos” e nascidos no meio da guerra, graças a uma festinha animada de Halloween.

3. A Defenestradora de Ferro

tatcher
(A Dama de Ferro/Reprodução)

Falando em fazer contas, há outro trecho da série em que a matemática foi a grande parceira dos detalhes. No Enigma do Príncipe, ficamos sabendo por meio de Cornelius Fudge sobre as reuniões entre os Ministros da Magia e os Primeiros-Ministros da Inglaterra: em primeiro lugar, os políticos trouxas são sempre informados sobre a existência da magia assim que são eleitos, e eles voltam a se falar sempre que algo grave acontece.

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Essa é a leitura para iniciantes. Os experts prestaram atenção em um detalhe: quando Fudge vai se apresentar ao primeiro-ministro e é bem recebido, ele fica todo aliviado e diz “seu predecessor tentou me jogar da janela”. Fazendo as contas: o sexto livro se passa em 1996. Na época, o ministro era John Major. E antes dele, quem ocupada a cadeira de Primeira Ministra era Margaret Thatcher, a famosa Dama de Ferro.

Pode parecer uma pista deixada de propósito pela autora, mas não passa de teoria: ela usa um pronome masculino para designar o predecessor e nunca diz o nome dos políticos envolvidos. É bem capaz que J.K. tenha se confundindo com as datas (os livros têm algumas controvérsias nesse sentido) já que o primeiro-ministro que deixa Fudge tranquilo lembra bastante Tony Blair, que assumiu em 1997.  

Mas a cena de Thatcher segurando Fudge pelos tornozelos janela afora, com medo de uma conspiração de outro partido para atrapalhá-la, é divertida demais para ignorar. E que as datas batem, elas batem.

4. O lobo solitário

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Menos do que uma teoria completa, essa é uma dedução que meramente destrói o coração dos leitores. Em primeiro lugar, nós nunca sabemos o que aconteceu com o corpo de Lily e James Potter. Hagrid aparece para tirar o bebê de lá e diz que vários pedestres e autoridades não-mágicas já estão aparecendo nas redondezas. A casa foi destruída com o poder do feitiço ricocheteando no Voldemort, então os corpos também podem ter sido aniquilados. Mas no último livro, Harry visita os túmulos dos pais, o que é evidência de que existiu um funeral para eles.

O lugar provavelmente estava lotado, já que o sacrifício deles acabou com a destruição total do bruxo malvado etc. Mas o que um fã notou é que uma pessoa estava absolutamente solitária. Ele tinha um grupo de 4 amigos desde os 11 anos de idade. E, de um dia para o outro (até onde ele sabia) dois deles estavam mortos e um, traidor, na cadeia. Muita tristeza em cinco palavras: Lupin foi ao funeral sozinho.

5. Isso é pelo Cassius!

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Existem argumentos para dizer que a Sonserina foi a casa mais injustiçada da série. Ainda que o epílogo do último livro faça um esforço para mostrar que nem tudo que é de Sonserina é ruim e que as pessoas que vão parar lá são moralmente complexas como qualquer um, basta ler os primeiros três livros da série para ver que era bem assim. As Quatro Casas apareciam como A Casa Boa, a Casa Ruim, a Casa Inteligência e a Casa Deslocados (e não é nem preciso dizer qual é qual). Isso melhorou conforme a história foi se tornando mais complexa, mas uma teoria bastante elaborada de um fã tenta reimaginar como um retrato mais humano de Sonserina poderia ter afetado a saga toda, a partir de um momento vital do quarto livro: a Escolha do Cálice de Fogo.

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Antes do Torneiro Tribruxo, vários alunos maiores de idade se inscreveram para ser Campeões de Hogwarts. O rumor era que Cassius Warrington, do time de quadribol da Sonserina, ia se inscrever. “Mas não podemos ter um campeão da Sonserina!” é a reação do próprio Harry.

A partir daí, acaba a história oficial. Cedrico Diggory foi escolhido e ninguém sabe o que aconteceu com o Cassius (descrito como um “cara grandão que parece um bicho-preguiça”). E só continuou nos sonhos de uma/um fã no Tumblr, que apagou seu perfil, mas segue viva neste link, que conta a história completa em inglês.

Em resumo, Cassius seria uma versão diferente do Cedrico. Ainda teria toda uma arrogância tipicamente sonserina, mas acabaria, até por ambição, por colaborar com Harry durante as provas do Torneio. Toda essa dívida um com o outro levaria os dois ao Cemitério, onde eles encontram Voldemort. Assim como Cedrico, Cassius é assassinado – e aí a história toda muda. Os sonserinos, alguns filhos de Comensais da Morte, percebem que ninguém está seguro contra o Lord das Trevas, nem mesmo os bruxos de puro sangue. Alguns deles, por curiosidade ou autopreservação, vão às reuniões da Armada de Dumbledore e depois invadem, juntos, o Departamento de Mistérios. Aos poucos, isso unifica a Escola inteira – inclusive durante a Batalha de Hogwarts, que se torna menos letal, uma vez que os Comensais têm medo que os colegas ataquem os próprios filhos. Eles não são inspirados pelo Menino Que Sobreviveu, da rival Grifinória, mas sim por um membro da sua própria casa, com sua própria moral e escolhas dúbias. A teoria toda é resumida pelo seu grito de guerra: “Isso é pelo Cassius!”

Bônus: O Weasley bem dotado

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Só como alívio cômico, outro usuário do Tumblr ouviu falar que espermatozoides que têm o cromossomo Y são mais rápidos que os que carregam o X – e que portanto homens com pênis mais compridos teriam mais filhos homens. Atenção, isso é folclore e não um fato científico. Mas não podíamos perder a chance de corromper sua imaginação para sempre e lembrar que Arthur Weasley – isso mesmo, o pai do Ron! – tem seis filhos e apenas uma filha mulher.

Feliz aniversário de 20 anos de Harry Potter.

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