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3 em cada 4 pessoas mantêm ‘contatinhos’, mesmo namorando

"Oi, sumido": o hábito de não deixar esfriar o papo e ter sempre uma segunda opção amorosa é universal entre os jovens – e rola até com os idosos

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 dez 2019, 15h47 - Publicado em 16 fev 2018, 18h43

Ao longo do tempo o seu celular vai ganhando novos contatos. Alguns deles viram contatinhos, aqueles mais interessantes. Você já manteve contato com alguém sem muita intenção de fazer a coisa andar, mas também sem querer perder aquela opção?

Se você disser que não, tem 73% de chance de estar mentindo. É que três quartos dos jovens mantêm pelo menos uma pessoa nessa situação – sem deixar esfriar o papo para ter sempre uma alternativa amorosa.

Jayson Dibble, pesquisador da Universidade Estadual de Michigan, levou o assunto bem a sério, e quis entender exatamente o quão comum é esse fenômeno, que ele chama de manter uma relação back burner.

A expressão é curiosa e bem adequada para a situação: back burners são as bocas de trás do fogão. Um cozinheiro costuma colocar ali as panelas que não precisam de atenção imediata, e deixar nas bocas da frente aquelas a que pretende dedicar mais foco e cuidado. Uma relação back burner é a mesma coisa, só que com pessoas ao invés de frigideir e caldeirões. 

O estudo

A pergunta principal do artigo era bem franca: Sem contar compromissos atuais, com quantas pessoas você mantém contato porque tem interesse em se envolver com elas romântica ou sexualmente no futuro?

Ele repetiu essa pergunta para 700 universitários. Os participantes abriam, no celular, o aplicativo de mensagens que usavam com mais frequência. E aí eles contavam quantas conversas recentes tiveram com pessoas que se encaixam nessa descrição. A grande maioria (73%) admitiu ter pelo menos um back burner. Se separassem só os solteiros, a frequência era ainda maior: 88% deles tinham esse tipo de contatinho.

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E entre os voluntários que namoravam sério, os compromissados? O número foi menor, mas a maioria (55%) também mantinha no mínimo um back burner

E pode botar ênfase nesse “mínimo”. Em média, tanto solteiros quanto comprometidos colocam, cada um, de 5 a 6 contatos em “modo de espera”.

A pesquisa também investigou as estratégias de manutenção de back burners – ou seja, quais as táticas usadas pelos participantes para manter o outro interessado, mas sem dar esperanças demais. São elas:

Positividade
“Interações divertidas, calorosas e simpáticas”, diz o artigo. É um jeito bem formal de descrever “trocar memes e piadas internas”, mas é mais ou menos a mesma coisa

Franqueza
Não no sentido de deixar claro que a pessoa é uma segunda opção – e sim de criar intimidade ao trocar segredos e revelar informações pessoais

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Garantias
Expressar que está feliz e confortável dentro da relação, indicar que ela vai durar um bom tempo. Entra aí aludir a planos para o futuro, mesmo que vagos, como: “Olha que lugar bonito, a gente podia ir pra lá um dia…”

A positividade é usada com mais frequência por todo mundo, solteiro ou não: 90,6% das pessoas aderem à tática. Mandar meme é fácil.

Já as garantias são as menos usadas (principalmente por quem namora). Essa também é a única tática que não é adotada igualmente pelos dois gêneros: os homens costumam dar bem mais garantias que as mulheres.

Até Dibble admite que fazia muito isso enquanto estava na faculdade, mas não imaginava que a prática fosse tão comum. Ainda que a pesquisa foque em jovens universitários, ele contou ao PsyPost que não se trata de um fenômeno exclusivo da juventude. Idosos têm sua própria versão dos back burners: quando perguntados, eles sabem dizer exatamente com quem gostariam de ficar caso seus cônjuges morressem.

Ninguém quer ficar sozinho – independentemente da geração.

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