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Deadpool: o primeiro filme da Fox em que o estúdio ouviu os fãs

Por xistudocult
Atualizado em 4 jul 2018, 20h33 - Publicado em 10 fev 2016, 11h12

Por Victor Bianchin
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Se tem uma coisa pela qual a Marvel Studios mereça créditos é por ter criado a fórmula ideal de adaptações de quadrinhos: lealdade ao material original, muito fan service e muita antecipação precoce. Se você reparar, grande parte da graça dos filmes do estúdio não está nas tramas em si, nem achar as pistas para os próximos. E essa ansiedade, se por um lado é natural dessa geração Instagram-Snapchat-Whatsapp, por outro pode ser um peso incômodo na hora de criar um filme novo.

É por isso que Deadpool é o personagem perfeito para o público de hoje. Seu humor irreverente, metalinguístico e autorreferente é um prato cheio para fazer um filme “zueiro”, rápido, sem medo de comprometer qualquer coisa. E felizmente a Fox – que, para cada filme de HQ que acerta, produz um Quarteto Fantástico ou um X-Men Origens: Wolverine da vida – seguiu direitinho a fórmula da Marvel. Deadpool é tudo que os fãs esperavam.

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A trama começa com o mercenário Wade Wilson, codinome Deadpool (Ryan Reynolds), perseguindo o vilão Ajax (Ed Skrein) e matando um monte de capangas no caminho. Quando a ação dá umas folgas, somos apresentados a flashbacks que contam como Wilson conheceu sua namorada Vanessa (Morena Baccarin) e como acabou ficando desfigurado por causa de Ajax.

Ao quebrar a quarta parede, Deadpool avisa que o filme é “uma história de amor”, e esse é mesmo o melhor jeito de encará-lo. Talvez tenha sido, de fato, a maior concessão do filme à máquina hollywoodiana: para justificar a carnificina tresloucada do personagem, existe uma retaguarda romântica, e o espectador é motivado a torcer por um final feliz do casal. Isso é amenizado, no roteiro, com muitas piadas sem noção entre os dois e cenas de sexo, mas às vezes as partes românticas demoram um pouco demais. Eles são um casal descolado e politicamente incorreto, nós entendemos, não precisa ficar repetindo.

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Quando o roteiro abre alas para seu protagonista voar livre, Deadpool brilha. As piadas misturadas com porrada funcionam bem e os coadjuvantes são usados com equilíbrio, servindo mais ao humor do que ao heroísmo. Todas as sequências envolvendo Colossus (CGI com voz de Stefan Kapicic) e Míssil Adolescente Megassônico (Brianna Hildebrand) são hilárias e a breve participação de Leslie Uggams como Al, colega de quarto de Deadpool, é muito bem aproveitada.

Melhor do que as zoeiras de Deadpool com seus colegas de filme, só as zoeiras do roteiro com o mundo real. Desde os créditos iniciais, que não trazem os nomes dos atores, e sim os clichês a que pertencem (“a mina gostosa”, “o vilão britânico”, “o personagem de CGI”), até o letreiro dos créditos finais, em que Rob Liefeld e Fabian Nicieza, criadores do personagem, recebem um “agradecimento especial (com língua)”, o filme é uma metralhadora giratória. Há tiradas ácidas com o próprio Ryan Reynolds, com a Fox, com Hugh Jackman, com a Marvel, com David Beckham e mais um monte de coisas. A cena pós-créditos, inclusive, é imperdível (há rumores de que haverá ainda uma segunda cena pós-créditos, não exibida nas sessões para a imprensa).

No mundo das adaptações hiper-sérias de HQs que a Fox faz, Deadpool é um oásis. Não carrega as pretensões dos filmes dos X-Men e demonstra, finalmente, que o estúdio é capaz de ouvir os fãs. Na melhor das hipóteses, é o começo de uma nova era. Na pior, é um bom filme para assistir comendo uma chimichanga.

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