O Sangue do Olimpo (432 pgs., R$ 39,90) é o quinto livro da série Os Heróis do Olimpo, escrita por Rick Riordan e publicada no Brasil pela Editora Intrínseca. Nesse último volume da série, os semideuses estão em sua jornada final para a derrota de Gaia, a Mãe Terra. Enquanto os sete semideuses principais se dirigem a Atenas, Nico e Reyna se apressam até o Acampamento Meio-Sangue com a Atena Partenos, a estátua que pode trazer a união e harmonia na guerra iminente entre os acampamentos grego e romano.
A expectativa por parte dos fãs da série era grande. Esse seria o último livro em que Percy Jackson apareceria (personagem tão amado pelos leitores, que acompanharam sua jornada desde Percy Jackson e os Olimpianos). Rick Riordan tinha a grande responsabilidade de finalizar a série satisfatoriamente. Infelizmente, não foi bem isso o que aconteceu.
O autor optou por nesse livro utilizar cinco PoVs (pontos de vista): do Jason, da Piper, do Leo, da Reyna e do Nico. Talvez esse seja o primeiro erro. Por ser o último livro da série, todos os personagens mereciam ter o seu PoV exposto. Principalmente Percy e Annabeth, que são os semideuses que estão há tanto tempo conosco! E Hazel e Frank são quase tratados como secundários, tendo pouca participação e pouca influência nesse livro.
Os novos PoVs foram interessantes. A construção do personagem da Reyna é bem tocante e surpreendente, já que a personagem nunca teve voz antes para contar sua história. Por outro lado, o Nico traz diversos pontos a serem discutidos (ele é o único personagem gay criado pelo autor), mas que não são tão bem desenvolvidos afinal. Acho que poderiam ter sido melhor aproveitados.
A história do livro também peca. Muitos criticam Riordan por ele ter uma “fórmula pronta” em seus livros. E isso fica bem claro nesse volume. O autor opta pela mesma história de sempre: semideuses que precisam encontrar alguma coisa, passando por várias batalhas e obstáculos aparentemente impossíveis de serem vencidos para culminar numa grande batalha final. Os capítulos aqui são todos muito repetitivos. A cada ponto da história aconteciam as mesmas coisas com ambientações diferentes. Irritante e entediante.
O autor não abusou da sua escrita. Pareceu que ele preferiu ficar na zona de conforto, a fim de satisfazer todos os seus fãs. Mas bons autores se arriscam. Causam surpresas, indignações. Não que isso seja necessário para que um livro seja bom. Mas acho que nesse, especificamente, faltou um pouco desse arriscar. Rick Riordan escreveu um final como presente para os fãs. Nada surpreendente, nada inesperado. Muita coisa prometida foi esquecida. Várias pontas ficaram soltas. O final foi apressado, sem graça. Tudo é resolvido em questão de 50 páginas e ficou feio.
Não que o livro seja de todo ruim. Ele traz o humor característico de Riordan, as aventuras empolgantes e os personagens memoráveis. A implantação de mitologia dentro de uma série infanto-juvenil não deixa de ser surpreendente e o autor não erra a mão nesse ponto. É visível toda a pesquisa e todo o trabalho realizado em torno desses livros para que os leitores se divirtam e aprendam um pouco mais. A maior tristeza é que, com o tempo, isso pode se tornar mais do mesmo.
Fica a esperança de que o autor saia mais da sua zona de conforto. Que ele tente fugir de seus próprios clichês e esqueça a tal fórmula. Quem sabe a nova série (Magnus Chase e os Deuses de Asgard) não surpreenda a todos nós? Só nos resta esperar. Sem criar grandes expectativas.