Os avanços tecnológicos nos permitem conhecer, a pequenos passos, os mistérios do universo. Missões espaciais, satélites, sondas e telescópios de ponta, entre diversos outros aparatos com que os cientistas trabalham para observar o espaço, constantemente trazem novidades sobre o que está além do nosso planeta. Entre diversas descobertas anunciadas nos últimos anos selecionamos 4 para mostrar como o espaço não para de nos surpreender:
1. O asteroide que tem gravidade negativa
O asteroide 1950 DA é famoso por estar em rota de colisão com a Terra – com uma chance bem pequena de atingir o planeta em 2880. Mas isso não é novidade. O que colocou o 1950 DA mais uma vez no centro das atenções foi a descoberta de que o corpo celeste tem o que os cientistas chamam de “gravidade negativa”.
Como a massa de asteroides do tamanho do 1950 DA não é muito grande, a gravidade dessas formações (que não são exatamente uma rocha sólida, mas uma coleção de escombros) é bem pequena. Pequena o suficiente para manter a maioria dos asteroides coesos, mas não para fazer o mesmo com esse misterioso astro. O que chamou a atenção de pesquisadores para o asteroide de 1 km de tamanho, é que ele gira tão, mas tão rápido, que as forças repulsivas superariam (em muito) a força da gravidade. Perto do equador, um objeto na superfície do asteroide iria experimentar a tal gravidade negativa, e seria repelido. Cientificamente, o asteroide já deveria ter se desfeito – e não poderia existir.
Mas como ele existe, mesmo girando rápido e com baixa força gravitacional, pesquisadores foram atrás de uma explicação. A teoria proposta pelo físico Ben Rozitis da Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos, tem a ver com as forças coesivas de Van der Walls entre partículas. A ideia é que muitas moléculas apresentam uma pequena carga negativa de um lado e uma positiva de outro. Lembrando que os opostos se atraem, é isso o que ocorre entre as moléculas: quando cargas opostas se alinham, as partículas são atraídas por suas vizinhas, e vice-versa. Essas forças intermoleculares coesivas recentemente têm sido consideradas responsáveis por esse tipo de coesão entre pequenos aglomerados de escombros, entre os grãos que formam a estrutura.
Segundo Ronzits, a comprovação dessa teoria pode significar que seria mais fácil destruir um corpo desse porte, caso seja detectado que está em rota de colisão com a Terra. Apenas um pequeno impulso poderia resultar na destruição do asteroide. Ótima notícia para a humanidade, péssima para as tramas apocalípticas hollywoodianas.
2. A estrela zumbi
Um time de astrônomos identificou, com o telescópio espacial Hubble, um sistema estelar que, depois de uma supernova bem fraca, parece ter deixado uma estrela zumbi para trás. Supernova é o fenômeno que ocorre durante a morte de uma estrela, geralmente com massa pelo menos 10 vezes maior que a do Sol. É uma grande explosão, que ejeta até 90% da matéria que forma a estrela para o espaço. As supernovas podem ter duas causas: o retorno repentino da fusão nuclear em uma estrela degenerada ou o colapso gravitacional do núcleo de uma estrela maciça.
A descoberta da estrela zumbi entra no primeiro caso, quando uma anã branca acumula, por acréscimo gradual ou fusão estelar, material suficiente de uma estrela companheira, até aumentar a temperatura do núcleo ao ponto de desencadear a fusão nuclear. Esse tipo de supernova é classificado como Ia.
Os astrônomos vêm observando a anã branca, que fica a 110 milhões de anos-luz da Terra, desde antes da explosão, em 2012, quando descobriram que uma estrela azul estava cedendo energia para a companheira. O processo produziu então uma supernova fraca, do tipo Iax. Após a explosão da SN 2012Z, os cientistas não esperavam encontrar nada, já que geralmente o que resta de uma supernova é uma estrela de nêutrons, que só é detectada com telescópios especiais. Mas a surpresa foi que mesmo após a explosão, eles acreditam terem observado o que seria um resto de estrela, ou uma estrela “zumbi”.
Algumas teorias já surgiram para explicar o fenômeno, mas nenhuma é conclusiva. Enquanto outros sistemas similares estão sendo estudados, a SN 2012Z permanece sob olhares atentos até 2015, quando a área ficará mais visível e será possível confirmar a hipótese da estrela zumbi.
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3. Galáxias canibais
Uma pesquisa conduzida por pesquisadores da Universidade da Austrália Ocidental, com 22 mil galáxias, apontou que grandes galáxias pararam de produzir novas estrelas, mas estão aumentando de tamanho ao englobar galáxias vizinhas menores. Quando pequenas, as galáxias são eficientes na criação de estrelas de gás, mas essa formação desacelera até cessar à medida que o tamanho aumenta. Os astrônomos ainda não sabem explicar o mecanismo desse processo, mas uma possibilidade está relacionada ao núcleo galáctico ativo. Pesquisadores teorizam que, uma vez que o núcleo é muito mais quente nas galáxias mais maciças, este impede o gás de se esfriar suficientemente para formar estrelas.
Ao mesmo tempo, à medida que as galáxias crescem, elas adquirem mais massa e, consequentemente, mais gravidade, o que faz com que elas atraiam suas vizinhas. Sabemos que as galáxias, em geral, aparecem em aglomerados de galáxias, e que dentro desses aglomerados há movimento. Elas giram em torno de um centro de massa comum, giram em torno umas das outras, e, nesses movimentos, elas acabam interagindo, o que pode originar fusões.
A própria Via Láctea já tem um histórico de “canibalismo” com galáxias menores e, nos próximos 5 bilhões de anos, deve se fundir a Andrômeda. No nosso grupo local existem dezenas de galáxias, das quais Andrômeda e Via Láctea são as maiores. Andrômeda está localizada a 2,5 milhões de anos-luz da Via Láctea e com uma velocidade de aproximação de cerca de 400 mil km/h, ela deve se chocar com a nossa galáxia nos próximos bilhões de anos.
Segundo os pesquisadores envolvidos na pesquisa, este seria o destino de todos os grupos de galáxias. A gravidade vai fazer com que todas as galáxias vizinhas, um dia, se tornem super galáxias.
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4. O recheio da Lua
Pesquisadores da Universidade de Geociências da China descobriram que uma camada interior da Lua é quente e viscosa. A equipe conduziu uma série de cálculos e observações sobre os efeitos das marés na Lua. As marés não servem para descrever apenas os movimentos dos mares, mas todos os fenômenos de deformação causados pela força da gravidade de outro corpo celeste. Assim como o Sol e a Lua deformam a Terra, o que é muito visível pela observação de alterações na água, o mesmo ocorre na Lua.
Os dados coletados pela equipe liderada por Yuji Harada foram usados para estudar a constituição do nosso satélite natural, e a explicação que os cientistas encontraram para o tipo de movimento que observaram é uma camada macia no manto, ao redor do núcleo da Lua. Para os pesquisadores, o que acontece é o seguinte: as forças da maré na Lua produzem ondas sísmicas, que dissipam sob forma de calor ao atingirem o interior do astro, nessa zona viscosa. O calor produzido pelo movimento das marés seria responsável por aquecer o núcleo da Lua.
Bônus: Um homem na Lua
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Um vídeo que mostra a imagem do que parece ser um homem na Lua entrou para hall da fama dos virais da internet. Com mais de 5,5 milhões de visualizações, o vídeo postado pelo usuário Wowforreeel, em julho deste ano no YouTube, alega que nas coordenadas 27°34’26.35″N 19°36’4.75″O das imagens de satélite disponibilizadas pelo Google Moon é possível enxergar uma figura “estranha”. O usuário define a imagem como a forma de um homem e sua sombra, em pé na superfície do corpo celeste.
Enquanto nos comentários os internautas discutem o que poderia ser a figura (um alien, uma estátua, um borrão etc), os psicólogos diriam que é mais um caso de pareidolia. A pareidolia é um fenômeno psicológico que nos leva a interpretar um estímulo visual ou sonoro qualquer com significado. Por exemplo, de um ruído indefinido, ouvimos vozes conversando, ou enxergamos imagens de animais em nuvens. Por causa da pareidolia, é muito recorrente a interpretação de formas variadas como feições humanas.
Não é a primeira vez que imagens do espaço provocam esse tipo de reação. Em 1976, o satélite da missão Viking fotografou uma rocha em Marte que se parecia com uma face humana. Em 2001, a sonda Mars Global Surveyor tirou uma foto da mesma rocha, mostrando que o engano foi originado pelo posicionamento da câmera e pelo jogo de luz e sombra sobre a rocha marciana.