Por que traduzimos “Londres”, mas não traduzimos “Buenos Aires”?
Tente pronunciar com um sotaque árabe o nome de algum país do Oriente Médio. Achou difícil? Nossos antepassados também.
Oráculo, por que a gente traduz Londres, Nova York e não traduz Buenos Aires para Bons Ares?
– pergunta do leitor Leandro Leite.
O que comanda a tradução ou não de um nome são os usos e costumes da língua. “Não tem nenhuma regra gramatical, é só a questão do uso. Leva-se em conta como a língua se configura e como as pessoas a utilizam”, afirma a professora dos cursos de formação de tradutores e intérpretes de conferência do Departamento de Inglês da PUC-SP Glória Sampaio.
Dessa forma, a “norma” de tradução do nome de uma capital remonta à história da língua. Se séculos atrás os portugueses descobriram uma cidade chamada London e decidiram chamá-la de Londres, a palavra se consolidou e ficou assim até hoje.
A lógica dos nossos antepassados era sempre a de facilitar a comunicação. “A tradução era feita quando era um nome difícil de pronunciar”, explica a professora aposentada da UFRJ Heloisa Gonçalves Barbosa, doutora em tradução.
Assim, nomes mais comuns e difíceis são aportuguesados, como Arábia Saudita, Irã e Teerã. Mais recentemente, o hábito de traduzir os nomes ficou menos comum… Ou a tradução é emprestada diretamente do inglês. “Temos uma tendência contemporânea, do século 20 e 21, de não traduzir mais. Mianmar, por exemplo, não se traduz”, afirma a tradutora. Há também o caso de Reykjavic, capital da Islândia.
Buenos Aires ficou Buenos Aires porque é fácil de falar. Agora tente pronunciar com um sotaque árabe o nome de algum país do Oriente Médio. Achou difícil? Nossos antepassados também.