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Por que o fundo das garrafas de vinho é côncavo?

O formato característico é uma herança dos sopradores de vidro – que permaneceu mesmo depois que o processo de fabricação se modernizou.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 18 ago 2022, 16h38 - Publicado em 18 ago 2022, 16h38

A cavidade não é um apoio para o polegar na hora de servir vinho nem influencia no sabor da bebida. Na verdade, é uma herança do tempo em que as garrafas eram feitas de modo artesanal, por sopradores de vidro.

Para se tornar moldável, o vidro precisa atingir 900 ºC. Não dá para pegar na mão. Por isso, o artesão usa um grande cano de metal para manipular a peça sem se queimar (e também para soprar o ar lá dentro, de modo a deixar a garrafa oca).

 

Dependendo da técnica usada na fabricação, esse cano fica grudado no fundo da garrafa, e não na boca (segure a quinta série que mora em você: não há maldade aqui). 

Quando o artesão remove o cano, já com o vidro esfriando, fica uma cicatriz na peça. Uma região de vidro irregular, como nosso umbigo no local onde entrava o cordão umbilical. 

Se essa cicatriz ficasse para fora – como alguns umbigos ficam –, a garrafa não pararia em pé, além de arranhar a mesa. Então, enquanto o vidro ainda está moldável, o artesão empurra o fundo para dentro e esconde a emenda.  

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Quando as garrafas passaram a ser produzidas industrialmente, a tradição da cavidade – que em inglês é chamada de punt, em referência ao nome do cano de metal em inglês, que é punt ou pontil – permaneceu. A raiz etimológica dessa palavra é a mesma de “ponta” em português. No sentido de coisa comprida, que se projeta para fora (novamente: sossegue a quinta série).  

O punt se manteve por dois motivos: primeiro porque confere mais estabilidade à garrafa quando ela está de pé – a base completamente plana não é mais estável. 

Segundo, ele aumenta a área total de superfície da garrafa, o que alivia a pressão interna – pressão, afinal, é a divisão entre a força e área de uma superfície submetida a essa força. Se há mais vidro, há mais área para a força ali dentro se distribuir. Isso se tornou algo essencial para os espumantes, cujas bolhas de gás carbônico elevam a pressão para o equivalente a seis atmosferas.

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Pergunta de @ldvorsak, via Instagram

Fonte: livro The Wine Bible, de Karen MacNeil.

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