Porque a agonia das cócegas não é só fisiológica – ela também é psicológica. Ou seja: se o seu cérebro sabe que é você que está fazendo as cócegas, ele não vê motivo para reagir – nem graça na brincadeira.
O componente fisiológico, claro, é o estímulo físico em regiões especialmente vulneráveis do corpo, que têm mais terminações nervosas livres – como a sola dos pés ou o pescoço. “Esses receptores nervosos são os mesmos que nos permitem sentir dor, coceira e excessos de calor ou frio – ou seja, estímulos perturbadores que levam o organismo a se afastar deles”, diz o neurologista Benito Pereira Damas, da Unicamp. Quando a pele é acariciada de uma certa maneira, esses receptores transmitem o estímulo até o centro de prazer do cérebro, localizado no hipotálamo.
O motivo pelo qual a seleção natural beneficiaria a implantação dessa tecnologia no corpo é simples: as cócegas ajudam, por exemplo, a detectar um inseto venenos ou portador de um microorganismo parasita que pode estar caminhando em sua pele sem que você se dê conta. Esse tipo de cócega extremamente leve, que é acionada pelo toque de uma pena e pode até ser autoinduzida, recebe o nome de raiz grega knismesis (cunhado por dois psicólogos em 1897).
A cócega feita de brincadeira por uma pessoa amigável é diferente: o receptor sabe que aquele comportamento não é ameaça, mas mesmo assim reage. Ela foi batizada de gargalesis e tem uma origem darwinista mais incerta: talvez tenha evoluído para ser parte da brincadeira “de mão” dos filhotes de mamíferos – que os ajuda a praticar na infância para os combates por fêmeas ou comida que podem encarar na vida adulta. Mas talvez seja só resquício de algum outro mecanismo do corpo.
                
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