Por que as lesmas só saem da terra depois da chuva?
Para não ressecar – algo importante quando seu corpo é feito basicamente de água (não que o nosso não seja, veja bem: humanos são mais de 50% água).
Em primeiro lugar, vale lembrar que não são todas as lesmas que só saem da terra depois da chuva, mas sim algumas espécies desses moluscos terrestres. Esse seleto grupo tem a pele muito sensível à perda d’água e não sobrevive sem umidade. Por esse motivo, as lesmas permanecem inativas, enterradas no solo durante períodos com pouca chuva. Essa é a estratégia desses bichinhos para não morrerem secos.
É por isso também que as lesmas morrem e parecem derreter quando jogamos sal nelas. O sal é uma substância higroscópica, ou seja, que puxa a água para si. E a lesma não tem nenhum mecanismo para evitar a perda de água. Ao jogar o tempero sobre os moluscos, suas células e tecidos são destruídos, e o animal se desmancha por ressecamento.
Já que a resposta foi simples, vamos apresentar outros seres vivos que têm uma paciência de Jó com as condições ambientais (ou mesmo com a própria inanição).
Rã-da-Floresta
Para sobreviver ao inverno, esse anfíbio típico da América do Norte tem 60% do seu corpo congelado durante dias ou semanas. A respiração cutânea é interrompida e seu coração para de bater. Na primavera, a rã volta a vida.
Bicho-Preguiça
O sistema digestivo do bicho-preguiça é tão lento quanto ele. Eles descem das árvores para usar o toalete só uma vez por semana, quando evacuam até um terço do próprio peso de uma tacada só. Ainda bem, porque ir até a superfície coloca esses animais na mira de predadores. Além disso, a caminhada até lá embaixo custa cerca de 8% da energia que a preguiça ingere em um dia.
Pinguim-Imperador
Nessa espécie, os machos são responsáveis por chocar os ovos enquanto as fêmeas passam o inverno no mar. Desde a chegada na colônia até o nascimento do pinguim, passam-se cerca de 115 dias. Nesse período, o macho fica o tempo todo sem comer e pode perder cerca de 20 kg.
Fonte: Flavio Dias Passos, professor especialista em moluscos da Unicamp.
Pergunta de @richellemagalhaes, via Instagram