Por que alguns feriados são datas móveis e outros não?
Todas as datas móveis do Brasil estão associadas à Páscoa. O que leva a outra pergunta: por que a Páscoa é móvel?
O Brasil só tem um feriado em data móvel: a sexta-feira Santa. A terça de Carnaval, o domingo de Páscoa e Corpus Christi são todos pontos facultativos. Essas quatro datas são móveis porque são determinadas com base na Páscoa – o que reduz sua pergunta a uma mais simples: “por que a Páscoa é móvel?”.
No ano 325, os bispos católicos do Concílio de Niceia (a atual cidade de Iznik, na Turquia) decidiram que a Páscoa cairia no domingo seguinte à primeira Lua Cheia após o equinócio de primavera do Hemisfério Norte, que marca o início da estação. O domingo foi escolhido, evidentemente, por ser o dia sagrado dos cristãos.
O objetivo era contrariar um grupo de católicos que preferia comemorar a Páscoa exatamente no mesmo dia em que os judeus comemoram seu feriado equivalente, o Pessach (a celebração do Êxodo, que culmina com Moisés abrindo o Mar Vermelho).
Essa data é fixa no calendário judeu – as celebrações começam sempre no 15º dia do mês chamado Nisan –, mas se torna móvel quando é transposta para o nosso calendário, por causa de uma discrepância entre as contagens.
Na época, não eram só os judeus que tinham uma contagem própria: havia diversos calendários em voga entre diferentes povos cristãos. E todo calendário é uma construção artifical, que não corresponde perfeitamente aos ciclos do Sol e da Lua. O referencial dos astros forçava a celebração a ser simultânea, independentemente desses sistemas.
Parece estranho no mundo atual, em que o calendário do Ocidente se estabeleceu como padrão mundial, mas não era na época em que mesmo um país vizinho, culturalmente, era um mundo alienígena.
Pergunta de @kaltowski, via Instagram.
Fontes: Diário Oficial da União de 28 de dezembro de 2023; texto “Why can’t the date of Easter be fixed?”, da BBC.
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