A expressão surgiu no jornal O Pasquim, o tabloide semanal criado em 1969 que se opunha à ditadura militar e foi um dos símbolos da contracultura da época.
Os textos e charges do Pasquim inovaram na linguagem e popularizaram uma série de neologismos (isto é, palavras inventadas, como as de James Joyce e Graciliano Ramos) que acabaram sendo incorporados no vocabulário brasileiro. Alguns faziam referência a palavrões e outras expressões pouco elegantes. É o caso do “putz grila”, cuja grafia usada no tabloide era “putzgrila”. Assim como o típico “puxa vida”, ele faz referência a um xingamento bastante comum – e impublicável por aqui, mas que começar com a sílaba “pu” e termina em “ta”.
Se a parte “putz” tem uma origem clara, o “grila” não é tão óbvio assim. De acordo com o professor Luis Augusto Fischer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) trata-se de uma brincadeira com expressão old school “grilado”, que se refere ao estado de quem tem algum problema ou chateação (principalmente se a chateação em questão ocorreu na década de 1960).
Em suma: “putz grila” é um artificialismo que imita a evolução natural das expressões. O mais comum são as contrações. Caso de “Virgem Maria”, que evoluiu para “Vixi Maria”, “Ixi”, “Xi…”.
O fenômeno acontece em todas as línguas. Em inglês, a expressão de espanto “Jesus!” (que também existe por aqui) virou “gee” – em parte para evitar reprimendas por invocar nomes santos em questões desimportantes. Em espanhol, um dos xingamentos máximos é “me cago en Dios” (que não precisa de tradução e quer dizer basicamente fod#@-$&). A expressão mais usada hoje, porém, é uma versão suave do impropério: “Me cago en diez” – na qual o “dez” não significa nada; é só um cognato de “Deus” mesmo.