Como um câncer entra em estado de metástase?
Não é tão simples. A maioria das células que se desprende do tumor principal morre no caminho. Infelizmente, nem todas.
O câncer tem uma mórbida semelhança com a própria essência dos nossos genes: seu objetivo é se espalhar. Os genes “desejam” se multiplicar pelo mundo, e o fazem nos dando o ímpeto de produzir filhos; o câncer quer conquistar o nosso corpo. A doença surge quando células “defeituosas”, com mutações em seu DNA, se multiplicam a tal ponto que formam um tumor – um tecido estranho ao organismo que pode corromper funções vitais. A metástase acontece quando as células cancerígenas se desprendem do tumor principal e entram na corrente sanguínea ou no sistema linfático – os canais que transportam fluidos. É assim que viajam para longe do tumor original e se instalam em outras partes, formando novos tumores.
Ou seja, dando ao câncer a chance de conquistar territórios no corpo, a metástase é uma evolução natural da doença.
Não que seja tão simples. Quando uma célula cancerígena se desprende do tumor principal, na maioria das vezes ela morre no meio do caminho na direção de outros órgãos. Para formar uma metástase, ela precisa vencer uma série de obstáculos. Tem de se espremer e sobreviver ao estresse das forças que agem sobre o sistema circulatório e escapar da detecção das células imunes.
Infelizmente, muitas delas conseguem chegar lá. Tanto que 90% dos casos de morte por câncer estão relacionados a metástases.
Embora o câncer possa se espalhar para quase todas as partes do corpo, certos órgãos são mais propensos a desenvolver tumores secundários: fígado, pulmão, cérebro e ossos. O fígado, que é bastante vascularizado (recebe muito fluxo sanguíneo), apresenta uma frequência 20 vezes maior de tumor metastático do que de um surgido ali mesmo.
O Imperador de todos os males: Uma biografia do câncer
Fonte: Estudo “Twelve unanswered questions in cancer inspired by the life and work of Leland Chung: “if this is true, what does it imply”?”.