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Como surgiram a ideia e os nomes dos pontos cardeais?

Na maioria das línguas, essas palavras derivam dos termos para "pôr do Sol" e "nascer do Sol", ou "direita" e "esquerda". Entenda a etimologia.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 mar 2023, 11h38 - Publicado em 19 ago 2021, 08h53

Os nomes em português e outras línguas europeias remetem, em última instância, ao protoindo-europeu (PIE), língua pré-histórica falada há mais de 3 mil anos que deu origem ao latim, grego, sânscrito e às línguas germânicas.

“Leste” deriva da palavra em PIE para “alvorada”, pois a direção em que o Sol nasce é um dado astronômico óbvio para qualquer civilização – e essa foi a origem da ideia.

“Oeste”, claro, se refere à direção oposta – e, portanto, ao período do dia oposto. O termo tem a mesma raiz da palavra “vespertino” (a conexão fica óbvia em inglês: west). Em PIE, *wes- era “noite” ou “poente”.

(Uma pílula de curiosidade nerd: é daí que vez o nome do continente fictício em que se passa a maior parte da saga Game of Thrones: Westeros. Na tradução dos livros em Espanhol, ele é chamado de Poniente – “poente”. Nem precisa dizer que, no mapa-múndi de mentira criado por George Martin, essa massa de terra fica a oeste do mapa.)

“Norte” provavelmente vem do PIE *ner-, que significava “esquerda”, porque é a direção que fica à nossa esquerda quando olhamos o Sol nascente.

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Por sua vez, “Sul” deriva da mesma raíz da palavra “Sol” – porque, no Hemisfério Norte, o Sol do meio-dia se posiciona no céu mais caído para o Sul que para o Norte (ideia reforçada pelo fato de que outra palavra para Sul é “meridional”, que tem origem latina e também se refere ao meio-dia).

Em línguas distantes das indo-europeias, valem lógicas parecidas. A ideia e os nomes dos pontos cardeais surgiram dezenas, quiçá centenas de vezes ao longo da história da humanidade – sempre de maneira independente, como uma criação original de cada civilização. Os linguistas sabem disso porque comparam os nomes atribuídos aos pontos cardeais por vários grupos étnicos, de preferência falantes de famílias linguísticas distantes entre si (um único trabalho de 1983 compara 127 idiomas). 

Em estudos assim, se sobressaem duas características. Uma é que os pontos cardeais são batizados sempre de acordo com palavras pré-existentes e muito básicas, como “direita” e “esquerda” ou “nascer do Sol” e “pôr do Sol”. 

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Outra é que mesmo línguas bastante aparentadas com frequência empregam palavras diferentes para os pontos cardeais. Isso é sinal de que essas palavras foram criadas recentemente – e, portanto, de que os falantes provavelmente criaram o conceito de pontos cardeais por contra própria em vez de herdá-lo de antepassados compartilhados com outros povos. 

Pergunta de @andriwsprudencio, via Instagram.

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