Cadáver pode virar adubo?
Querido Oráculo, Estava discutindo com minha família e a faxineira se cadáveres humanos servem como adubo, ou seja, frutos e hortas caso fossem cultivados em um cemitério poderiam ser rentáveis no caso de um novo projeto “ecoagrônomo”? Ou saudáveis para o consumo? Rafael Tavares, Recife, PE Aduboman. PQ FAS ISO RAFAEL!?!? Defuntos não servem como adubo […]
Querido Oráculo,
Estava discutindo com minha família e a faxineira se cadáveres humanos servem como adubo, ou seja, frutos e hortas caso fossem cultivados em um cemitério poderiam ser rentáveis no caso de um novo projeto “ecoagrônomo”? Ou saudáveis para o consumo?
Rafael Tavares, Recife, PE
PQ FAS ISO RAFAEL!?!?
Defuntos não servem como adubo nem são rentáveis ou saudáveis para consumo. Criar hortas de cadáveres humanos é uma péssima ideia.
Na Idade Média, era costume triturar os cadáveres do pessoal mais pobre e misturar com palha e esterco para servir como adubo. Bacana, né? Mas o “fertilizante natural” acabou disseminando uma das piores epidemias mundiais: a peste negra. Parabéns, humanidade.
Portanto, não é higiênico, nem saudável, legal ou ético fazer adubo humano. Mesmo em uma situação hipotética em que os cadáveres estariam completamente esterilizados, a decomposição deles não traria nenhuma propriedade extra para a terra, além daquela produzida por qualquer matéria decomposta.
Quem explica é o geólogo Leziro Silva, que pesquisa a poluição gerada pelos cemitérios desde os anos 70 e foi o responsável pela criação do neologismo “necrochorume”, nome dado ao líquido mal cheiroso que resulta da decomposição dos defuntos. Não sei o que vou almoçar, mas certamente pensarei nisso agora.
Segundo o pesquisador, o problema nem é a contaminação das frutas, verduras ou legumes da horta, mas o perigo de a pessoa que vai triturar ou manipular o adubo se infectar. E se o cadáver é de alguém que morreu de uma doença contagiosa, por exemplo? Outro problema lembrado pelo geólogo são as aerobacter, bactérias de veiculação aérea, que podem ser facilmente transmitidas pelo vento e estão presentes no cadáver de humanos.
Fica a dica do Leziro: nada de projeto ecoagrônomo alternativo. “Não se usa, não é recomendável e nem admissível perante as leis e normas”, alerta. E pague tudo direitinho para a faxineira, heim! Se até o Oráculo tem carteira assinada (e firma reconhecida no cartório de Delfos), as domésticas têm que ter, uai.
(crédito da imagem: Sick Sad M!kE)