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Histórias esquecidas sobre os assuntos mais quentes do dia a dia. Por Felipe van Deursen, autor do livro "3 Mil Anos de Guerra"
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A CIA apelou até para a máfia para matar Fidel Castro

Em 1960, Dick Bissell, diretor de operações encobertas da CIA, procurou o coronel Sheffield Edwards, e pediu que o colocasse em contato com um gângster.

Por Felipe van Deursen
Atualizado em 7 mar 2023, 16h55 - Publicado em 28 nov 2016, 13h22

Em agosto de 1960, Dick Bissell, diretor de operações encobertas da CIA, a central de inteligência americana, procurou o coronel Sheffield Edwards, chefe de segurança da CIA, e pediu que ele o colocasse em contato com um gângster. Allen W. Dulles, diretor da agência, aprovou a ideia: Fidel Castro seria morto por um matador contratado pela CIA antes mesmo que a brigada de rebeldes também treinada pela agência acabasse com o novo governo cubano.

O plano de Bissell não foi para frente, mas deixa claro que praticamente desde que Fidel tomou o poder em Cuba, a CIA quis eliminá-lo. E logo no começo do jogo já inventou de apelar para a máfia.

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Dick Bissell

Em março de 1961, os mafiosos encheram a mão de Tony Varona com milhares de dólares e cápsulas de veneno. Varona era um dos cubanos mais importantes que trabalhavam para a CIA. Ele deveria repassar o veneno a um funcionário de restaurante, que jogaria a substância no sorvete de Fidel. Mas a inteligência cubana localizou as cápsulas em uma geladeira, e o plano derreteu.

No mesmo mês de março, Bissell apresentou apresentou ao presidente americano, John Kennedy, que tinha um especial interesse nos assuntos da ilha, a ideia de invadir Cuba por três praias na baía dos Porcos. Em abril, 1,4 mil exilados cubanos desembarcaram no país. Fiasco dos grandes. Paralelamente aos atos obscuros em conluio com a máfia, os Estados Unidos eram humilhados para todo o mundo ver.

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Essas e outras histórias estão no livro Legado de Cinzas: uma História da CIA (Record), do jornalista americano Tim Weiner. Ao longo de mais de 20 anos, Weiner escreveu para o jornal The New York Times sobre as operações da agência, o que lhe rendeu o prêmio Pulitzer.

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Castro encontra Lincoln.

Outro plano veio à mente da agência em abril de 1962. O gângster John Rosselli recebeu em Miami cápsulas com uma bactéria assassina, que deveriam ser dissolvidas no café ou no lenço do comandante. De novo, não deu certo.

Em 1967, Lyndon Johnson, o vice que assumiu a Casa Branca após o assassinato de Kennedy, em 1963, quis ficar a par dos planos da CIA durante o governo de seu antecessor. O FBI lhe entregou um relatório que confirmava que a CIA tentou diversas vezes matar ou derrubar Fidel e que buscou o apoio da máfia para tal.

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Como sabemos, falhou miseravelmente. Seiscentas e trinta e oito vezes, segundo Fabián Escalante, chefe do serviço de contrainformação cubano e responsável pela segurança de Fidel, ele escreveu um livro (que depois virou documentário) chamado 638 Ways to Kill Castro. O número pode ser exagerado, mas dezenas de tentativas foram reveladas e comprovadas. Fidel só foi morrer de velho mesmo.

ps.: Algumas das tentativas (bizarras) de matar Fidel, como o famoso charuto explosivo, estão no novo especial da SUPER, que chega nesta terça (29/11) às bancas e livrarias. A revista está cheia de análises, infográficos, fotos históricas e pesquisas. Bom para quem não quer repetir os mesmos clichês à direita e à esquerda do que foi Fidel, a Revolução Cubana, a ditadura e o embargo.

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