Tradicionalmente, todo final de ano, por meados de dezembro, realiza-se o The Game Awards (mais conhecido por TGA), premiação que celebra os melhores jogos produzidos no ano. A edição de 2015, organizada e apresentada pelo polivalente Geoff Keighley, teve transmissão simultânea em diversas plataformas, incluindo consoles e Twitch.
E para reforçar ainda mais a minha fama de palpiteiro, chegou a hora de passar a régua no evento e ver quais surpresas, ou certezas, realmente mereceram levar o belo troféu. Lembrando que essas opiniões foram feitas baseadas na minha experiência e você tem todo o direito de discordar (e me xingar nos comentários).
O grande vencedor da noite: The Witcher 3
Geralt e sua turma faturaram os prêmios de jogo do ano e melhor RPG. E não tinha outro resultado aceitável. Dos games lançados neste ano, poucos chegaram perto do cuidado aos detalhes, história envolvente e profundidade atingidas por The Witcher 3. A imersão é tanta que, mesmo com dezenas de horas, muitos jogadores ainda não conseguiram explorar todos os ambientes em sua totalidade. A CD Projekt Red, um estúdio polonês sem orçamentos estrondosos (viu, Destiny?), entregou algo lindo e bem amarrado. Por isso, também fez jus ao prêmio de desenvolvedora do ano. Mesmo com poucos meses de vida, The Witcher 3 entra no panteão de melhores jogos da geração e, talvez, da década. Um dos principais méritos, em minha opinião, foi a criação de uma experiência singular, capaz de prender, principalmente, aqueles que não jogaram The Witcher 1 e 2.
As surpresas dos eSports:
O crescimento do esporte eletrônico no ano de 2015 levou a criação de três novas categorias no TGA: time do ano, jogador do ano e game competitivo do ano. Levaram as estatuetas, respectivamente, OpTic Gaming, Kenny “KennyS” Schrub e Counter-Strike: Global Offensive. Os vencedores desbancaram equipes e jogadores da cena de League of Legends, vistos como favoritos devido à popularidade incontestável do game, outro queridinho do público. Nem mesmo os mais ardilosos videntes, e eu me coloco entre eles, ousavam apostar contra LoL. Caíram com a cara na lama. O resultado, espero, atrairá ainda mais visibilidade ao meio e ajudará a fortalecer outros jogos da cena.
A bravura dos indies
Her Story (melhor narrativa e melhor performance), Rocket League (melhor jogo indie e melhor jogo de esporte/corrida), Life is Strange (games for impact) e Ori and the Blind Forest (melhor direção de arte) mostraram o calibre dos jogos feitos fora dos holofotes. O quarteto, cada um com suas qualidades e competências, representam o potencial criativo da indústria e indicam caminhos tão ricos quanto o dos badalados estúdios. Isso é importantíssimo para incentivar a produção independente e injetar ânimo para milhares de desenvolvedores que passam noites acordados criando obras de encher os olhos.
A surpresa
Splatoon chegou sem fazer muito alarde e faturou dois dos prêmios mais cobiçados da noite (melhor shooter e melhor jogo multiplayer). Colorido e simples, o jogo preza pelo o que há de mais íntimo e simples no coração dos gamers: a diversão. Além de assumir claramente seu posto de um simples passatempo com doses exageradas de alegria. Os jatos de tinta derrotaram ninguém menos do que Call of Duty, e sua legião de fãs, Halo 5, Star Wars Battlefront (movido pelo hype de “O Despertar da Força”) e o viralizante Rocket League. A vitória serve como refresco para gêneros saturados e com fórmulas repetitivas. É a Nintendo voltando ao seu lugar quente e confortável. Lugar de onde nunca deveria ter saído (Espero).