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A Nintendo aposta no que sabe fazer de melhor: cativar

Por Lucas Massao
Atualizado em 4 jul 2018, 20h35 - Publicado em 15 jul 2016, 16h31

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A não ser que você tenha um DeLorean turbinado com um capacitor de fluxo, viajar no tempo provavelmente não é algo que esteja no seu escopo de habilidades. Como não podemos voltar ao passado, àquele tempo que não retorna nem com a força dos nossos mais íntimos desejos, nos resta apenas olhá-lo pelo espelho embaçado da memória.

Algumas coisas, porém, ajudam a avivar as lembranças daquilo que já passou. Pode ser um cheiro, um local, um sabor ou uma experiência. É nessa última possibilidade que a Nintendo vem apostando com os lançamentos de Pokémon GO e da versão em miniatura do NES. (Você pode ler mais sobre isso aqui e aqui)

O NES, conhecido por aqui como “Nintendinho”, captou a atenção de famílias ao redor do globo. Logo, personagens do calibre de Donkey Kong, Mario e Link tornaram-se clássicos. Outra geração ficou fascinada, lá em 1996, com esse mundo novo e imenso que era (e ainda é) Pokémon. Não demorou para que a franquia e o console fossem considerados sucessos e criassem uma aura de nostalgia em torno delas. Por consequência, a Nintendo também assumiu essa fama. Falar da companhia é sinônimo de falar de infância. (Que diga Felipe van Deursen, um dos editores da ME)

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Implacável como sempre, o tempo passou e, felizmente, novos players surgiram no mercado. Hoje, temos Sony e Microsoft disputando cabeça a cabeça o topo da pirâmide dos videogames, com as vendas do PS4 superando as do Xbox One e as do Wii U na proporção 4:2:1. O tabuleiro mudou. Agora, um lançamento é criticado por tudo que o compõe, e pode colocar gráficos, som, jogabilidade e retorno de investimento na conta. A pergunta “ele é divertido?” já não basta mais.

Sem o mesmo prestígio dos seus tempos áureos, a Nintendo encontrou uma saída inteligente nas suas duas novidades. A primeira, produzida pela americana Niantic, a partir de um projeto que começou com uma brincadeira de 1 de abril do Google, abre de vez as portas da realidade aumentada para o grande público. O pulo do gato, no entanto, foi disponibilizar o jogo para os smartphones.

Amplamente disponíveis para diversas classes sociais, os celulares vem deixando, em número de vendas, os portáteis da Nintendo no chinelo (basta olhar essa comparação entre o iPhone e o DS). E, tocando freneticamente nas telas, estão gerações inteiras que cresceram com os diversos jogos da série Pokémon, mas não necessariamente aceitaram o compromisso de comprar um novo portátil da japonesa. A grande N está, de maneira sorrateira, trazendo de volta aquele sentimento de exploração que tomou conta quando nós conhecemos o mundo Pokémon pela primeira vez e possibilitando, através da interação com a realidade, que cada pessoa crie sua própria jornada.

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Com o NES Classic Edition, a abordagem é um pouco mais direta. O preço, em um primeiro momento, acessível, custando 60 dólares, valor igual ao de um lançamento triplo-A no mercado americano, e a possibilidade de conectar o console às televisões modernas tem como objetivo agradar os nostálgicos, que, por várias razões, se afastaram do mundo dos videogames. Só o futuro dirá se essas duas cartadas darão certo. Em curto prazo, se levarmos em consideração o burburinho que elas vêm causando, é possível dizer que sim. O longo prazo permanece imprevisível, como sempre foi.

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