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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Quem foram os Vândalos, o povo que deu origem ao termo “vandalismo”

Eles invadiram Roma no ano 455 e destruíram relíquias históricas, monumentos e obras de arte. Acabaram levando o troco, e foram aniquilados. Mas treze séculos depois, durante a Revolução Francesa, seu nome se tornaria parte do vocabulário universal 

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Atualizado em 9 jan 2023, 15h30 - Publicado em 9 jan 2023, 14h44
Pintura
“O Saque de Roma” (pintado por Karl Bryullov entre 1833 e 1836), que retrata o ataque vândalo aos romanos. (Karl Bryullov/Domínio Público)

Eles invadiram Roma no ano 455 e destruíram relíquias históricas, monumentos e obras de arte. Acabaram levando o troco, e foram aniquilados. Mas treze séculos depois, durante a Revolução Francesa, seu nome se tornaria parte do vocabulário universal 

Vandalismo, segundo o Dicionário Houaiss, é: “ação própria dos vândalos (no sentido de ‘povo’), que consiste em atacar produzindo ruína, devastação, destruição”, ou ato ou efeito de produzir estrago ou destruição de monumentos ou quaisquer bens públicos ou particulares; baderna com violência”. Disso todo mundo sabe. Mas e a origem do termo, você conhece?

A expressão vem dos Vândalos, que surgiram por volta de 120 a.C. na região do rio Oder, atual Polônia. Esse povo germânico começa a escrever seu nome na história algumas centenas de anos depois, quando o Império Romano sofre um de seus principais abalos: a Crise do Terceiro Século. 

Ela começa em 235 d.C., com o assassinato do imperador Alexandre Severo. Segue-se uma luta por poder que enfraquece o Império, cujo território passa a ser atacado por vários povos – entre eles, os Vândalos. Para piorar as coisas, surge a Praga de Cipriano, uma epidemia (possivelmente de varíola ou sarampo) que mata centenas de milhares de pessoas, enfraquecendo o poder militar romano. 

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O Império balança, mas não cai. No ano 340, os Vândalos recebem permissão de Roma para se estabelecer na Panônia, então uma província romana (parte do que hoje são Hungria, Áustria e Croácia). Não sossegam. Em 409, eles invadem a península ibérica – e, em 429, o norte da África, tomando-o das mãos de Roma.

Os romanos tentam recapturar o território africano, sem sucesso. Em 442, assinam um tratado de paz com os Vândalos, que não dura muito. Ele acaba em 455, quando o imperador Valentiniano III é assassinado. Petronius Maximus assume o lugar e se casa com a viúva do morto, Licinia Eudoxia. Os Vândalos entendem que isso viola o tratado – e, naquele mesmo ano, invadem Roma. 

Eles começam atacando os aquedutos romanos, para cortar o fornecimento de água para a cidade. Ao entrar nela, roubam e destroem obras de arte, monumentos e edifícios históricos – como o Templo de Júpiter, que foi saqueado e depredado. Os vândalos também capturam romanos, que são levados como escravos. 

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Alguns historiadores dizem que o Saque de Roma, como o episódio ficou conhecido, foi menos brutal do que se acredita, pois os Vândalos não incendiaram a cidade. Outros afirmam que diversas construções foram queimadas. A ocupação vândala em Roma durou duas semanas: em 16 de junho de 455, eles foram embora. 

Em 533, quase oitenta anos depois, o Império Bizantino (uma continuação do Império Romano) dá o troco e invade o território vândalo no norte da África. Após um ano de combate, os Vândalos são aniquilados, e deixam de existir como povo: os sobreviventes desaparecem em meio às populações locais, e seu idioma é extinto. Fim. A história dos Vândalos termina aí. 

Mas a fama deles ressurgiria mais de um milênio depois. Em 1792, a Revolução Francesa entra em sua fase mais violenta, o chamado Reino do Terror, e o governo revolucionário aprova um decreto ordenando a demolição de monumentos erguidos durante o Antigo Regime. 

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O padre Henri Grégoire, um intelectual influente na política, é contra: ele escreve um texto em que compara isso ao que os Vândalos fizeram em Roma – cunhando o termo “vandalismo” para designar atos de destruição do patrimônio histórico e cultural. Nascia ali a palavra em sua acepção moderna, usada até hoje. 

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