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Alexandre Versignassi

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Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Por que o “peso real” é uma ideia de jerico

Não é impossível termos uma moeda única com a Argentina. Só tem um detalhe: teríamos de reformar a previdência deles também.

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 jun 2019, 16h00

Sobre o peso real: o que mudaria se Brasil e Argentina passassem a ter a mesma moeda?

1) Os produtos argentinos ficariam mais caros aqui. O Brasil consome 11 bilhões de toneladas de trigo por ano. Metade disso é importado da Argentina. O pão ficaria mais caro. Bom para a eles.

2) Os produtos brasileiros ficariam mais baratos na Argentina. De cada quatro carros produzidos aqui, um é exportado. 70% vai para a Argentina. A valorização da moeda argentina aumentaria a produção de carros no Brasil. Bom para nós.

3) (e mais importante) O governo argentino emitiria dívida em reais para pagar seus servidores, seus aposentados, sua corrupção – os gastos normais de todo governo. A moeda pode até mudar de nome, mas na prática seria o real, do mesmo jeito que “euro” é só um nome cirandeiro para “marco alemão”.

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E a Argentina teria de achar reais para pagar essas dívidas. Não achando nos impostos de seus cidadãos (ou seja, não havendo crescimento econômico), teria de pedir para o Banco Central do Brasil (renomeado como “Banco Central do Mercosul” ou coisa que o valha, mas ainda assim sendo basicamente o BC que temos aqui).

O BC ou deixaria a Argentina quebrar ou imprimiria dinheiro novo para eles se refinanciarem. Esse processo desvalorizaria a moeda única – e aumentaria a desigualdade na Argentina, já que o dinheiro novo chegaria primeiro nas mãos de quem já tem grana; a começar pelos grandes bancos, que são os grandes credores de todos governos. É exatamente o que acontece na Europa – por isso o Professor, do La Casa de Papel, contava com o apoio da opinião pública para sequestrar a Casa de La Moneda e fabricar dois bilhões de euros novos para eles mesmos – do ponto de vista do cidadão médio, tal atitude funciona como uma provocação contra o “sistema”.

Bom, numa realidade com moeda única, nós viraríamos a Alemanha da Argentina, do mesmo jeito que a Alemanha é a Alemanha da Espanha. Por ter esse papel, a Alemanha sempre pressionou a Espanha e os outros países europeus para que subissem as idades mínimas de aposentadoria de seus cidadãos, por exemplo.

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O trabalhador germânico na ativa hoje só ficará elegível para receber o teto da previdência teutônica aos 67 anos – ele tb pode se aposentar pelo teto aos 63 anos, contanto que tenha contribuído para a previdência tedesca por 45 anos. Fueda.

É isso. Numa realidade de moeda única com um país menor precisaríamos de reformas no país menor também. E, na Argentina, se aposentam aos 60 anos com 30 anos de contribuição ganhando a média dos últimos 10 anos de salário – justamente aqueles em que o holerite tende a ser maior. Eis o tamanho do nabo.

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