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Alexandre Versignassi

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Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Como baixar os preços das passagens aéreas

O veto ao despacho gratuito de bagagens é fundamental para a redução dos preços. Entenda a lógica.

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Atualizado em 20 jun 2019, 14h50 - Publicado em 20 jun 2019, 14h48

O caso da cobrança por bagagem despachada diz muito sobre como os nossos instintos têm dificuldade de lidar com a lógica da economia.

Havia uma lei exigindo a gratuidade do despacho de malas nos aviões. A lei caiu há um tempo e os preços para quem viaja só com bagagem de mão não baixaram. A opinião pública chiou, com razão.

Só tem uma coisa: os preços não baixaram por falta de concorrência. Temos poucas companhias aéreas.

Um jeito de promover concorrência é abrir o mercado para companhias gringas de baixo custo e baixa tarifa. Essas cias (Ryanair, Easyjet, Southwest) inventaram o conceito de “aviação popular” na Europa e nos EUA. Seus modelos de negócio foram copiados aqui pela Gol e pela Azul, o que propiciou a muita gente trocar o ônibus pelo avião.

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Gol e Azul, porém, se agigantaram. Seus custos de operação cresceram, e os preços das passagens foram subindo. Como não apareceram concorrentes sérios (fora a já falida Avianca), agora as duas mais a Latam formam um “tripólio”, e podem manter os preços na estratosfera – com ou sem lei de gratuidade para bagagem.

Como quebrar isso? Abrindo o mercado para as low costs gringas. Só que o modelo de negócio atual das low costs não lhes permite operar em países onde hajam leis restritivas a cobranças adicionais. Ryanair, Southwest, Alaska e cia vendem passagens baratas para quem pretende fazer uma viagem básica, sem bagagem despachada, sem comida, sem nada. E aí enfiam a faca em quem quiser alguma dessas amenidades – elas jogam com a psicologia também: depois que vc compra a passagem sem que o bolso doa, fica mais aberto à ideia de pagar por extras.

A Ryanair mesmo estudou cobrar pelo uso dos banheiros – no que foi devidamente vetada, já que banheiro em transporte coletivo é saúde pública, não amenidade. Seja como for, as low costs entendem que o único jeito de atrair clientes é com tarifas baixas. Então tentam dar um jeito de oferecer passagens mais baratas que a da concorrência sem falir. E esse jeito é fazer com que o sujeito que quer despachar bagagem e comer subsidie a viagem do resto.

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Dessa forma, elas não operam em países em que o braço da lei exige despacho gratuito de bagagem.

Para quebrar o tripólio, precisamos das low costs operando por aqui. Caso elas venham, ou as nossas companhias baixam os preços ou serão escorraçadas do mercado.

Conclusão: o veto à gratuidade obrigatória das malas despachadas é bem vindo. Tão bem vindo quanto seria o fim da obrigatoriedade da meia entrada – que só fez com que o Brasil tivesse os shows mais caros do mundo para quem não é estudante, idoso ou falsário.

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