Vírus manipula planta e inseto para se espalhar
Ele infecta ambos – e altera os respectivos comportamentos de forma diabólica.

O “vírus da ondulação da folha amarela do tomate” (TYLCV, na sigla em inglês) é um problema global na agricultura. Ele afeta as plantações de tomate, arrasando sua produtividade, e não pode ser combatido ou prevenido com agrotóxicos.
Um novo estudo (1), publicado pela Academia de Ciências Agrícolas da China, revelou como o vírus age, executando uma sequência surpreendente de ações. Primeiro, ele altera a expressão genética do tomateiro: turbina a atividade de dois genes, chamados TPS3 e TPS7.
Isso faz a planta aumentar a produção de beta-mirceno, um composto volátil que atrai moscas (especialmente a Bemisia tabaci, popularmente conhecida como mosca-branca).
Quando as moscas pousam no tomateiro infectado, e comem pedaços dele, o vírus passa para o organismo delas. Aí, ele executa a ação contrária: inibe os receptores olfativos, localizados nas anteninhas da mosca, que detectam beta-mirceno.
Com isso, as moscas infectadas passam a preferir tomateiros normais, saudáveis – e, ao pousar neles, transmitem o vírus. O processo é repetido em mais e mais plantas, espalhando a infecção por toda a lavoura.
Fonte (1) “A plant virus manipulates both its host plant and the insect that facilitates its transmission”, P Liang e outros, 2025.