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Vídeo mostra esquilo embriagado após comer peras fermentadas

Jamais se deve dar álcool a um animal – a cachaça intoxica gravemente bichinhos que não metabolizam etanol. Mas é fato que algumas espécies procuram ativamente um drink. E isso pode ser obra da seleção natural.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 4 dez 2020, 18h43 - Publicado em 4 dez 2020, 18h36

Katy Morlok, uma moradora de Minnesota, nos EUA, estava há algum tempo alimentando esquilos que passavam diariamente por seu gramado. Os roedores pareciam uma boa companhia para os dias de home office, e um deles, visitante fiel, ganhou até nome – Lil’ Red. 

Em uma dessas manhãs, Morlok resolveu limpar a geladeira antes do expediente e encontrou algumas peras maduras demais, que pareciam adequadas para o banquete de seus colegas peludinhos. Lil’ Red pegou um pedaço da fruta e subiu na árvore para aproveitar o rango. O esquilo desceu uma hora depois. Visivelmente bêbado. 

As peras estavam guardadas há tanto tempo que fermentaram. Para gerar energia, alguns fungos quebram o açúcar da fruta e o convertem em etanol e gás carbônico. Ou seja, a fruta estragada rendeu um belo vinho de pera. 

A dona da casa tirou as peras do quintal e depois registrou o estado lamentável do bichinho ébrio. No vídeo, é possível ver o animal em pé sobre as patas traseiras, olhando fixamente para o céu. Em alguns momentos, ele se inclina ligeiramente para trás, mas se apoia no potinho de frutas para não cair. 

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Morlok ficou preocupada com a saúde do esquilinho, mas declarou que, no dia seguinte, ele retornou para garantir seu café da manhã e estava 100% recuperado. Lil’ Red não foi o primeiro e nem será o último animal a se embriagar na natureza. Na verdade, esse comportamento é comum. Existe a hipótese de que a atração de alguns animais pelo cheiro do álcool é uma adaptação evolutiva, já que eles conseguem encontrar com mais facilidade as frutas maduras caídas no chão.

O musaranho-arborícola da Malásia, por exemplo, bebe praticamente todos os dias. Ele se alimenta do néctar das flores da palmeira Eugeissona tristis, com teor alcoólico de 3,8%. Mas esses mamíferos não dão sinais de intoxicação pelo drink – cada animal metaboliza o álcool de um jeito diferente. O mesmo ocorre com os morcegos, que apesar de comerem frutas fermentadas e néctares alcoólicos, ainda conseguem voar sem dificuldades pelo céu.

Os insetos também parecem ter uma certa inclinação à cachaça. As borboletas macho não dispensam uma cerveja, provavelmente porque a bebida tem um teor nutricional positivo para a formação de seus espermatóforos – pacotes de gametas masculinos ricos em nutrientes oferecidos às fêmeas durante a noite de núpcias.

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Já as moscas-das-frutas associam a marvada à sofrência. Um estudo publicado na revista Science apontou que os machos da espécie que não acasalavam com sucesso tinham maior tendência a buscar por alimentos alcoólicos do que aqueles que estavam com a vida sexual em dia. A explicação é que as moscas que acasalavam tinha níveis mais altos de uma substância chamada neuropeptídeo F circulando em seu sistema nervoso – enquanto as que estvam na fossa precisam dar um up no ânimo artificialmente. 

No caso dos esquilos, o álcool não é procurado ativamente. A ingestão é acidental e perigosa. Eles não são as únicas vítimas: em 2011, um alce bêbado ficou preso em uma macieira de uma casa na Suécia após exagerar nas frutas estragadas. Don Moore, diretor adjunto do Jardim Zoológico Nacional do Smithsonian, em Washington (EUA), disse à National Geographic que os veados-de-calda-branca costumam ficar sonolentos e cambaleantes quando comem maças fermentadas nos pomares.

Ver os animais nestas condições pode até parecer engraçado, mas é extremamente perigoso para a saúde deles. Simon Cowell, presidente-executivo da Wildlife Aid Foundation (WAF) do Reino Unido, explicou ao jornal The Independent que muitos animais morrem pelos efeitos do álcool no organismo, enfatizando que a substância não deve ser dada de maneira voluntária aos bichos de maneira alguma. Lil’ Red teve sorte, já que a pera fermentada poderia ter causado “danos irreparáveis ​​aos seus órgãos internos”.

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