Única espécie de sapo sem pulmão do mundo na verdade tem minipulmões
Espécie de sapo de cabeça chata do Sudeste Asiático escondeu seus pequenos pulmões dos biólogos por 16 anos
Entre os raros sapos de cabeça chata de Bornéu, uma grande ilha do Brunei, no Sudeste Asiático, um se destacava: o Barbourula kalimantanensis se diferenciava de seus primos e de todos os outros sapos do mundo por não ter pulmões.
Agora, 16 anos depois da descoberta sobre o anfíbio, um novo estudo revelou que ele tem, sim, um sistema respiratório com minipulmões, que passaram despercebidos nas primeiras análises.
Em 2008, onze espécimes do Barbourula foram dissecados pelo biólogo David Bickford e sua equipe, da Universidade Nacional de Singapura. Foi aí que perceberam a estranha ausência de pulmões.
Era a primeira vez que um sapo era encontrado assim, mas na classe dos anfíbios já havia uma espécie de apoda e algumas salamandras que respiravam só por meio da pele.
A hipótese inicial dos pesquisadores foi de que a falta de pulmões era uma adaptação evolutiva ao habitat desses sapos, que são completamente aquáticos e vivem em rios cheios de oxigênio, com águas geladas e de fluxo rápido. Se eles tivessem pulmões grandes, cheios de ar, isso também poderia dificultar a circulação no rio e deixá-los mais suscetíveis à força da correnteza.
Dois espécimes do sapo de cabeça chata foram analisados recentemente pelo biólogo David Blackburn. Ao lado de sua equipe do Museu de História Natural da Flórida, nos Estados Unidos, ele realizou tomografias de alta resolução, que revelaram um buraco na parte de baixo da boca do anfíbio.
Os pesquisadores perceberam que aquilo era a glote, responsável por conectar a boca ao pulmão, revelando um sistema respiratório em miniatura.
Os pulmões que passaram despercebidos são tão pequenos e finos para o tamanho do animal que, na opinião de Bickford, essa espécie de sapos deve depender quase que completamente do oxigênio respirado pela pele, como se imaginava antes da descoberta dos minipulmões.
Ainda não se sabe se eles têm alguma função na vida do animal, hipótese para a qual ele se mantém cético, como afirmou em entrevista à New Scientist, ou se só são um resquício atrofiado de um órgão que já não é mais necessário para a respiração do anfíbio.