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Aperto de mão pode transmitir seu DNA para objetos que você nunca tocou

A descoberta pode até ter implicações nas resoluções de crimes reais

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 6 mar 2019, 10h43 - Publicado em 1 mar 2019, 18h13

Agora não é mais só ficção científica: um exame de DNA pode realmente encontrar seu material genético em algo que você nunca tocou. E não é (necessariamente) porque “plantaram provas” contra você, como nos filmes de conspiração de Hollywood. Na verdade, a culpa pode ser de algo bem mais simples e corriqueiro: um aperto de mão.

Essa possibilidade foi apresentada na reunião anual da Academia Americana de Ciências Forenses, campo da ciência que reúne o conjunto de conhecimentos científicos e técnicas utilizadas para desvendar assuntos legais, incluindo crimes.

Na ocasião, a cientista Cynthia Cale, do Houston Forensic Science Center, afirmou que, em um experimento, pessoas que nunca pegaram em uma faca se tornaram a principal origem do DNA extraído do cabo do objeto em cerca de 7% dos experimentos.

E a explicação é simples: o DNA foi transferido para a faca por meio de um parceiro de aperto de mão, que estava com resquícios de DNA na palma quando segurou a alça do talher.

As descobertas sugerem que um breve contato com outra pessoa ou objeto pode espalhar DNA por toda parte – o que pode complicar a forma como são feitos hoje os laudos de investigações de cenas de crime, por exemplo.

Apesar da inovação, isso não é uma ideia totalmente nova: anteriormente, Cale já havia provado que apertar as mãos podia transferir o DNA de uma pessoa para um objeto por meio da mão da outra pessoa, mas só se o contato (no caso, o aperto de mão) durasse pelo menos 2 minutos.

É óbvio que, na vida real, ninguém aperta a mão de ninguém durante 120 segundos (a menos que o contato seja de outro tipo que não um aperto de mão corriqueiro). Por isso, a hipótese ficou um tempo quase que descartada.

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A novidade agora é que a cientista baixou esse tempo para 10 segundos em seus novos experimentos – o que ainda é um tempo considerável, mas já torna a hipótese bem mais plausível.

Resultados de experimentos feitos pelo antropólogo forense Leann Rizor, da Universidade de Indianápolis,  convergem com os de Cale.

No experimento dele, quatro estudantes da universidade sentaram-se em volta de uma mesa e se serviram de uma bebida que estavam em um jarro comum.

Outros estudantes apenas assistiram ao banquete. Mas, além de testemunhar a festa, eles estavam livres para sair da sala, conversar e se movimentar – simulando as condições normais de um restaurante.

Cada estudante que estava sentado tocou apenas no jarro e em seu copo de plástico, enquanto os que apenas observavam não tocaram em nenhum objeto ou pessoa que estava na mesa.

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Mas o resultado da análise após a experiência mostrou uma mistureba só: o DNA dos quatro sentados à mesa não estava apenas na alça do jarro, mas também nos copos um dos outros.

Além disso, o DNA de estudantes que só observavam também apareceu lá pelo meio. Os cientistas acreditam que o DNA dos observadores pode ter se espalhado para os copos e jarra através de minúsculas gotas liberadas enquanto os espectadores conversavam, tossiam ou espirravam. 

O mais curioso é que, segundo os pesquisadores, olhando para as quantidades de DNA deixadas nos objetos, eles não conseguiram determinar quem segurou a jarra por último, nem puderam identificar por quanto tempo os voluntários tocaram o jarro ou seu copo. Isso mostra que o DNA pode se transferir em ambientes sociais e de formas imprevisíveis, de acordo com Rizor.

Apesar disso, os pesquisadores são cautelosos: o DNA deixado para trás por pessoas que não tocaram diretamente o objeto geralmente é instável e some rapidamente o tempo. Todos os testes que detectaram esses DNAs alheios foram feitos logo após as ocasiões.

Rizor e Cale concordaram que o cuidado precisa ser redobrado quando for se utilizar suposições assim em cenas de inquéritos reais. 

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