Sonda lançada pela Nasa irá visitar oito asteroides ao longo de 12 anos
A sonda segue em direção a asteroides próximos a Júpiter. Acredita-se que eles sejam fragmentos de planetas – e possam explicar a evolução do Sistema Solar
No último sábado (16), a sonda Lucy, da Nasa, decolou rumo aos asteroides próximos de Júpiter, conhecidos como Trojans ou asteroides troianos. A sonda passará por oito asteroides ao longo dos próximos 12 anos: Patroclus, Menoetius, Polymele, Orus, Leucus, DonaldJohanson, Eurybates e Queta.
O objetivo da missão é explorar esses objetos cósmicos para entender como os planetas foram formados. Acredita-se que os asteroides troianos tenham surgido no início do Sistema Solar. Eles compartilham a mesma órbita que Júpiter – ou seja, estão à mesma distância do Sol. Os asteroides troianos estão divididos em dois grupos: um que fica “na frente” de Júpiter, chamado L5, e outro que fica “seguindo” o planeta, chamado L4. Veja abaixo.
Os asteroides do grupo L4 são batizados em homenagem aos personagens homéricos do lado grego da Guerra de Tróia (como Euríbates, Polímelo e Leuco). Já os asteroides do grupo L5 recebem os nomes de personagens troianos (como Patroclus e Menoetius).
A sonda irá estudar a composição, densidade e estrutura de cada asteroide. O nome “Lucy” é uma homenagem ao hominídeo mais antigo já encontrado, batizado Lucy. O esqueleto de 3,2 milhões de anos levou às principais descobertas sobre a evolução humana. Da mesma forma, a Nasa acredita que os asteroides troianos podem revelar segredos sobre a evolução do Sistema Solar.
Missões como a OSIRIS-REx, também da Nasa, já visitaram e coletaram fragmentos de objetos do cinturão de asteroides. No entanto, os asteroides troianos estão mais distantes, e nenhuma sonda chegou até lá. Na ilustração abaixo, os pontos verdes representam o cinturão principal de asteroides, enquanto os troianos são os pontos brancos.
Cerca de 10 mil asteroides já foram detectados nas regiões L4 e L5. Antes de chegar lá, a sonda deve passar pelo asteroide DonaldJohanson, pertencente ao cinturão principal, em abril de 2025. Os asteroides troianos devem ser atingidos entre 2027 e 2033.
Para isso, a sonda precisará fazer uma trajetória complexa. Primeiro, Lucy deve completar uma volta ao redor do Sol, para ganhar velocidade. Depois, ela passa pelo cinturão principal e segue para o grupo L4, onde atinge cinco asteroides. A sonda ainda dá uma segunda volta em torno do Sol antes de seguir para o grupo L5, onde finaliza coletando dados de dois asteroides.
A sonda não irá pousar ou coletar fragmentos. Mas as câmeras presentes nela irão analisar propriedades geofísicas dos asteroides. O número de crateras na superfície, por exemplo, pode dar uma estimativa da idade do asteroide (quanto mais crateras estiverem presentes, mais antigo ele é). Já as medições térmicas, de infravermelho e da cor do asteroide podem indicar sua composição química.
Evolução do Sistema Solar
Um dos modelos teóricos mais aceitos sobre a evolução do Sistema Solar é o Modelo de Nice. A hipótese diz que os planetas gigantes (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) se formaram mais próximos ao Sol, e só depois migraram para suas posições atuais.
Durante a migração para a periferia do Sistema Solar, Netuno e Urano teriam deixado fragmentos ao longo do caminho, que formaram cometas e asteroides. Parte desses objetos ficou presa em regiões chamadas “Pontos de Lagrange”, que são justamente as regiões L4 e L5 mencionadas antes. Esses são os pontos em que a influência gravitacional de Júpiter e do Sol estão em equilíbrio, fazendo com que os asteroides fiquem “presos” e se movam em sintonia com o planeta.
Isso explicaria por que há asteroides de tamanhos e formas tão diferentes concentrados em regiões específicas. Os dados enviados pela sonda poderão dar mais respaldo ou refutar a teoria.
Cápsula do tempo
Lucy não irá voltar para a Terra. Se a sonda estiver em boas condições ao final da missão, a Nasa pode usá-la para analisar outros asteroides, mas seu papel continuará sendo de mandar informações remotamente.
Os astrônomos equiparam a sonda com uma placa que serve como “cápsula do tempo”. Ela contém poemas, mensagens e letras de músicas para que, no futuro, outros humanos possam recuperar a sonda e ter acesso à cultura do século 20 e 21. A música Lucy in the sky with diamonds, é claro, está registrada na cápsula.
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