Ser destro ou canhoto afeta a compreensão da linguagem de sinais
Nessa, os destros levam vantagem: suas mensagens são mais rapidamente captadas por quem "fala"
Ao falar uma outra língua, é normal que se tenha um pouco de sotaque. Especialmente se não for o seu próprio idioma. O mesmo vale para a linguagem de sinais. Mesmo sem abrir a boca, entender a mensagem que alguém está transmitindo pode ser uma tarefa tranquila ou mais complicada, dependendo se quem “fala” com você for destro ou canhoto.
É o que concluíram cientistas da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, ao analisar 43 pessoas fluentes na British Sign Language (BSL) – equivalente britânico da nossa LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Eles buscavam cravar o quanto usar mais a mão esquerda ou a direita pode interferir na comunicação das pessoas com deficiência auditiva.
No experimento, descrito no estudo publicado no periódico científico Cognition, os participantes viam uma imagem e, em seguida, o signo correspondente a ela em linguagem de sinais. Foram usadas no estudo palavras como “chocolate”, “violão” e “mesa”. Aqui, a palavra “madeira” é comunicada por um canhoto e neste aqui, por um destro.
Em geral, os destros tendem a mandar melhor na tarefa. Entender a mensagem de alguém que prefere usar a mão direita é mais rápido do que se o mesmo gestual fosse feito por um canhoto.
Isso acontece porque há mais pessoas destras no mundo. Assim, quem se comunica a partir da linguagem de sinais tem normalmente de acompanhar as mensagens sendo transmitidas com a mão direita na liderança das ações.
No entanto, quando algum “signo” mais complexo precisa ser representado, a mão dominante acaba importando um pouco mais. Como signo mais complexo, entenda palavras que precisam das duas mãos para serem transmitidas. “Madeira” é um exemplo disso: a mão espalmada pode ser a direita, se você for destro, ou a esquerda, se você for canhoto. Para esse tipo de palavra, a ordem dos fatores altera sim o produto.
Nessa situação, destros entenderam mais rápido quem se orientava mais com a direita – e os canhotos, os “falantes” que lideravam as ações com a esquerda.
Embora a mensagem e o movimento seja o mesmo, ser canhoto é como ter “sotaque”: a mensagem é transmitida, mas menos eficientemente do que na variação padrão da língua. Quem prefere a mão esquerda tem mesmo razão em dizer que o mundo é feito para os destros.