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Seis novas espécies de samambaias são descobertas na América Latina

Uma foi encontrada na Amazônia, enquanto as outras são espécies da Colômbia, Jamaica e Equador. Pesquisador brasileiro, que participou do estudo, explica que elas são bioindicadores de qualidade do ambiente

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 15 mar 2021, 18h57 - Publicado em 15 mar 2021, 18h52

O Brasil conta com mais de 45 mil espécies de plantas, sendo que duas mil delas só foram descritas nos últimos quatro anos. A floresta amazônica, que compreende cerca de 60% do território nacional, guarda ainda uma infinidade de espécies a serem exploradas. 

Seis novas espécies de samambaias foram descritas recentemente em dois artigos na revista científica Brittonia, editada pelo Jardim Botânico de NY. A espécie brasileira, encontrada na Amazônia, foi batizada de Campyloneurum atrosquamatum. Foram registradas outras três novas espécies na Colômbia, uma na Jamaica e outra no Equador, que receberam os nomes C. castaneum, C. filiforme, C. pichinchae, C. jamaicense e C. parvisquama

Um dos responsáveis pela descoberta também é brasileiro. Nos últimos cinco anos, os cientistas Paulo Labiak, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), e Robbin C. Moran, pesquisador do Jardim Botânico de Nova York (NYBG), dedicaram-se ao estudo de novas espécies de samambaias.

As seis plantas já haviam sido coletadas, mas nunca descritas. Elas estavam em herbários, que funcionam como grandes bibliotecas vegetais. “Às vezes, trabalhamos com materiais coletados há mais de 100 anos que estão em uma coleção biológica, um herbário, mas que ainda não foram devidamente estudados”, diz Labiak.

O motivo para isso é que não dá para identificar uma espécie nova só batendo o olho. “Eu faço coletas na Amazônia, mas simplesmente não tenho conhecimento suficiente de determinados grupos para olhar e falar ‘isso aqui é uma samambaia que ninguém descreveu’”, disse o pesquisador. E ninguém tem. A maneira mais confiável de diferenciar uma nova planta é pelo sequenciamento genético.

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Os cientistas sequenciaram parte do DNA extraído das folhas. A partir dessa análise, puderam comparar com amostras de outras samambaias já conhecidas e concluir se aquelas eram ou não novas espécies. Além disso, o sequenciamento genético permite entender como ocorreu a evolução de determinadas linhagens, o impacto de eventos geológicos e até mesmo quais características anatômicas e fisiológicas favoreceram os processos evolutivos das plantas. 

Nem sempre o sequenciamento traz surpresas. A maior parte da pesquisa pode trazer resultados já conhecidos – o que não significa que não valha a pena continuar pesquisando. O estudo completo começou em 2016, e contou com mais de 200 amostras extraídas da vegetação encontrada na região neotropical, que compreende desde a Flórida, nos EUA, até o norte da Argentina. Dez amostras foram atribuídas a novas espécies, incluindo as seis descritas recentemente.

Muitas espécies presentes na Amazônia estão sendo extintas antes mesmo de serem catalogadas – e não dá para protejer a biodiversidade sem ao menos conhecê-la. As samambaias, por exemplo, são consideradas bioindicadores de qualidade do ambiente. 

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Essas plantas têm duas fases no ciclo de vida: a fase diploide e a fase haploide. A planta já formada, com folhas grandes e bonitas, representa a fase diploide. A fase haploide acontece antes, quando a planta está produzindo gametas, ainda sem raízes, folhas ou tecido de condução.

Nessa fase inicial, a samambaia é muito sensível a qualquer variação ambiental – se as condições do ambiente não forem boas, seu ciclo de vida é interrompido ali mesmo. Dessa forma, as samambaias indicam efeitos da poluição, agrotóxicos e de distúrbios naturais, como a variação de umidade ou alteração do regime hídrico dentro da floresta. Em outras palavras, preservar essas espécies é também preservar os registros do que aconteceu com o ambiente.

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