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Rios brasileiros correm o risco de perder água

55% deles podem ser afetados pela exploração excessiva dos aquíferos, aponta estudo.

Por Maria Clara Rossini
23 abr 2025, 10h00

Pesquisadores da USP analisaram 17.972 poços localizados a menos de 1 km de rios de todo o Brasil, e encontraram um sinal preocupante: mais da metade deles (55%) apresentou nível inferior ao do rio mais próximo – indicando que, a longo prazo, os rios podem perder água.

Conversamos com José Gescilam Uchôa e Paulo Tarso Oliveira, dois dos autores do estudo (1), para entender o problema – causado pela exploração excessiva da água.

Metade dos poços analisados estava com nível de água inferior ao do rio. O que isso significa?
Isso indica que, se existir uma conexão hidráulica entre o rio e o aquífero, esse rio pode estar perdendo água para o aquífero.

É um processo natural. Se o nível do aquífero estiver acima do nível do rio, o rio potencialmente está recebendo água do aquífero. Caso contrário, ele está potencialmente perdendo água para o aquífero.

O bombeamento de água subterrânea pode rebaixar o nível do aquífero, fazendo com que um rio que antes recebia água passe a perdê-la para o aquífero. A longo prazo, dependendo das condições geológicas e climáticas, isso pode reduzir a vazão do rio.

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Quais são os possíveis impactos da redução do fluxo dos rios?
Isso pode impactar a segurança hídrica e alimentar, diminuindo a disponibilidade de água para o abastecimento humano e a irrigação; a segurança energética, reduzindo o volume de água nos reservatórios [das hidrelétricas]; e os serviços ecossistêmicos, uma vez que é essencial manter uma vazão mínima no rio para garantir a conservação da vida no ecossistema aquático.

Em regiões costeiras, a redução das vazões fluviais pode provocar a intrusão salina, que ocorre quando a menor chegada de água doce ao oceano permite o avanço da água salgada em direção ao continente.

Isso pode comprometer a saúde das pessoas que consomem água com alto teor de sal, aumentando o risco de hipertensão; danificar sistemas de adutoras e tubulações; além de comprometer o solo e a flora local.

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O que seria possível fazer para evitar a exploração excessiva dos aquíferos?
A primeira medida seria considerar a água superficial e subterrânea de forma integrada, pois atualmente essas fontes são gerenciadas separadamente.

A segunda envolveria a realização de estudos técnicos antes de conceder novas outorgas de uso da água subterrânea, avaliando o impacto do novo poço nos rios próximos. A terceira medida consistiria na adoção de práticas de conservação do solo e da água.

Fonte (1) “Widespread potential for streamflow leakage across Brazil”, P Oliveira e outros, 2024.

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