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Região Nordeste pode sofrer terremotos de magnitude 5.2, diz estudo

Apesar de mais fracos, os tremores por aqui acontecem graças a rachaduras e falhas em determinados pontos da placa-sul americana.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 27 Maio 2024, 11h26 - Publicado em 22 Maio 2024, 16h00

Está enganado quem pensa que não existem terremotos no Brasil. Nosso país é atingido por terremotos quase toda semana. No ano passado, por exemplo, a Bahia registrou 14 tremores só no mês de novembro, enquanto a Serra Gaúcha também foi alvo de terremotos este ano.

Um novo estudo revelou que a região Nordeste tem risco de apresentar tremores mais fortes do que outras partes do país. A análise foi realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do Instituto de Geofísica da Academia Polonesa de Ciências

Aqui vale um resumo rápido: os terremotos acontecem pelo choque entre placas tectônicas. Toda a litosfera do planeta (a casca da superfície) é fragmentada em várias placas, que flutuam sobre o manto terrestre. Quando uma se choca com a outra, ocorre um terremoto (ou maremoto, se o choque das placas for no mar).

Por azar geográfico, alguns países (como o Japão e a Nova Zelândia) ficam em regiões de encontro entre uma placa e outra, sendo mais suscetíveis à ocorrência de terremotos. O Brasil, por sorte, está em cima de uma placa bem grande, a placa sul-americana.

Mas isso não o torna imune. Apesar de estar sobre uma placa grande e afastado das bordas, a placa sul-americana apresenta rachaduras e falhas em determinadas regiões ao longo de sua extensão. Com o intenso movimento e atividade das placas, essas regiões podem acumular energia e dissipá-las na forma de tremores que sentimos aqui.

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A diferença é que esses tremores proveniente das rachaduras são bem menores do que aqueles que ocorrem nas regiões das bordas. A maioria dos tremores por aqui quase não são sentidos pela população, ficando entre 2 e 4 na escala Richter.

Apesar da maior parte do território brasileiro estar na Região Continental Estável (SCR) da América do Sul (uma das menos sísmicamente ativas no mundo), ainda podem acontecer tremores relativamente fortes. No começo deste ano, a região Norte registrou um tremor de 6,6 de magnitude, se tornando o maior da história do país. 

Algumas regiões são mais propícias que outras. De acordo com os resultados do estudo, a região Nordeste pode sofrer com tremores pouco maiores que 5,2 de magnitude. Um terremoto com essa força poderia não só ser prejudicial para a população e construções locais, como também causar prejuízos tanto ambientais quanto econômicos.  

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Tremores de magnitude 5 são considerados eventos moderados e já ocorrem com certa frequência por aqui – principalmente no Nordeste, uma das regiões de maior atividade sísmica da Região Continental Estável da América do Sul. Em 1980 foi registrado o maior terremoto na região, com 5,2 de magnitude, causando grandes danos perto da zona epicentral e sendo sentido até 600 km de distância.

Em 1986 e 1989, tremores de 5,1 e 5,0 foram sentidos na região, provocando o colapso de muitos edifícios e a fuga da população dos centros urbanos próximos.

De acordo com os pesquisadores, um perigo sísmico depende de três componentes: fonte, caminho e local. A fonte relaciona o tamanho e a frequência em um espaço de tempo dos tremores, enquanto o caminho e local representam como as ondas sísmicas interagem com a massa rochosa até alcançarem um ponto em que pode ser observado.

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Assim, foi desenvolvido um modelo com os dados das ocorrências de tremores, as regiões em que elas acontecem (a fonte do sismo) e a frequência. Os resultados revelaram que em um período de 50 anos, terremotos com magnitude de 4,7 a 5,1 têm 50% de probabilidade de acontecer por lá, enquanto terremotos maiores, de 5,5 a 6,2 têm 10% de probabilidade.

Os pesquisadores afirmam que o perigo é menor em comparação com outras zonas de tremores em regiões no centro de placas tectônicas, como no caso da zona sísmica de Nova Madrid, nos EUA.

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