Por que os tiranossauros tinham braços curtos? Estudo sugere nova hipótese
A teoria mais comum diz que os membros se tornaram órgãos vestigiais. Mas uma pesquisa da Universidade da Califórnia aponta para um novo caminho.
Os minúsculos braços dos Tyrannosaurus rex costumam ser motivo de piada entre paleontólogos (e não paleontólogos também). Afinal, como um dos maiores predadores que já andou pela Terra tinha membros tão pouco ameaçadores?
A proporção é bizarra: cada braço deste dinossauro media cerca de um metro, enquanto o corpo chegava a 14 metros de comprimento. É como se um humano de 1,80 metro tivesse braços de 12 centímetros.
A teoria mais comum diz que os braços do T-Rex são órgãos vestigiais. As pernas traseiras davam conta de sustentar o peso do animal, e a mandíbula gigante era suficiente para destroçar as presas. Assim, os braços perderam a função, e acabaram atrofiando.
Uma outra teoria diz que os braços poderiam auxiliar em ataques de presas a curta distância. O tiranossauro puxaria a presa pela boca e usaria os bracinhos de um metro para rasgar e perfurar o animal. Uma das principais evidências dessa teoria são as garras presentes nos braços, que chegam a 10 centímetros de comprimento.
A terceira teoria relaciona os braços à vida sexual dos animais. Eles usariam os pequenos membros para se agarrar às parceiras durante o sexo, numa posição semelhante à dos cães.
Agora, pesquisadores da Universidade da Califórnia sugerem que o tamanho dos braços evitava que eles fossem amputados por outros tiranossauros durante um banquete. Imagine a cena: vários T-Rex famintos devorando a carcaça de uma presa. As mandíbulas gigantes poderiam cortar os braços de outros tiranossauros por acidente. Com membros menores, as chances de acabar amputado diminuem.
Para testar a teoria, os pesquisadores analisaram um espécime fóssil chamado MOR 555, que encontra-se no Museu de História Natural Smithsonian, em Washington, Estados Unidos. Após tirar as medidas do fóssil, eles concluíram que os braços seriam muito fracos para terem evoluído para rasgar presas ou agarrar a parceira durante a reprodução.
“Eu primeiro queria estabelecer que as ideias funcionais que prevalecem atualmente não funcionam”, disse o paleontólogo Kevin Padian, líder do estudo, em nota. “O perigo de feridas amputações, infecções, doenças e morte seriam uma força seletiva para a redução, independente da funcionalidade que restou dos membros”.
É possível fazer analogias com animais vivos hoje. Amputações e machucados podem ocorrer quando crocodilos e dragões-de-komodo estão caçando em grupo. Os pesquisadores ainda devem verificar, no fóssil de tiranossauro, se os ossos dos braços têm menos marcas de mordida em comparação a outras partes do corpo.
Lembrando que as teorias não são necessariamente excludentes. Talvez nunca seja possível bater o martelo em uma única hipótese, já que esses animais viveram há 66 milhões de anos.