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Pela primeira vez, astrônomos encontram oxigênio molecular em outra galáxia

O O2 foi encontrado em uma galáxia contendo um quasar, a "apenas" 580 milhões de anos-luz da gente.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 21 fev 2020, 16h35 - Publicado em 21 fev 2020, 15h49

Cientistas encontraram oxigênio molecular – o O2, mesmo gás que humanos usam para respirar – em uma outra galáxia, localizada a 550 milhões de anos-luz da Terra. O achado é inédito.

O oxigênio é o terceiro elemento mais abundante do Universo (atrás do hidrogênio e do hélio), e por isso a falta de detecções do elemento em sua forma molecular – ou seja, dois átomos ligados – ainda intriga astrônomos. A molécula até já tinha sido encontrada no espaço outras vezes, incluindo na Nebulosa do Órion, mas nunca fora da Via Láctea. Até agora.

Uma das ideias mais aceitas para explicar essa estranha escassez é a de que, no espaço, o elemento oxigênio se encontra geralmente ligado à átomos de hidrogênio, formando água congelada (H20) que fica confinada em grãos de poeira. Em ambientes de alta atividade cósmica, a intensa radiação podem quebrar as moléculas de H20, resultando no oxigênio molecular. É isso que se acredita ocorrer na Nebulosa de Órion – conhecida por ser um ambiente de intensa formação estelar e, portanto, muito energética.

Isso também pode explicar a nova detecção. O oxigênio foi encontrado por cientistas chineses e americanos em uma galáxia chamada Markarian 231, que está a cerca de 580 milhões de anos-luz de nós. A galáxia é especial porque contém o quasar mais próximo da nossa galáxia. Quasares são estruturas bem maiores que estrelas, mas menores que galáxias, alimentadas por um buraco negro supermassivo em seus centro, que devora tudo ao seu redor – liberando quantidade extremas energia no processo. Por isso, eles são os corpos mais brilhantes do Universo. E o quasar da Markarian 231 pode ser responsável por criar oxigênio molecular a partir da água congelada.

Usando o rádiotelescópio IRAM-30, localizado na Espanha, os pesquisadores observaram a galáxia por dias até detectarem radiação no comprimento de onda de 2,52 milímetros – a assinatura da presença de oxigênio molecular. 

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O que intrigou a equipe foi a proporção de oxigênio encontrada em relação ao hidrogênio. Tanto na galáxia como na Nebulosa de Órion, o hidrogênio é muito mais presente do que o oxigênio, obviamente. Mas, na nova detecção, a proporção de oxigênio para hidrogênio foi 100 vezes maior que a de Órion. Os cientistas ainda não sabem explicar exatamente o porquê, mas a diferença pode ocorrer por conta do enorme poder energético da galáxia em comparação com a da Nebulosa. 

Mas isso também pode indicar que a detecção deve ser confirmada novamente, por precaução. Identificar moléculas através do comprimento de onda da radiação emitidas por elas é complicado, porque moléculas diferentes às vezes emitem radiações em valores parecidos. A equipe explicou que testou diversas outras moléculas que emitem radiação parecida com a do oxigênio molecular – e chegou a conclusão de que nenhuma havia sido avistada no espaço em toda a história. Dessa forma, eles concluíram ser oxigênio molecular “por eliminação”, como admitiu Paul Goldsmith, um dos membros da equipe, ao portal ScienceNews.

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