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Pela primeira vez, astrônomos detectam vapor d’água na lua Ganimedes de Júpiter

A oscilação de temperatura no satélite parece estar levando à sublimação do gelo presente em sua superfície. A observação complementa estudos sobre a atmosfera de Ganimedes.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 4 ago 2022, 15h54 - Publicado em 27 jul 2021, 15h54

Nesta segunda-feira (27), pesquisadores da Nasa anunciaram a detecção de vapor d’água na lua Ganimedes, a maior do planeta Júpiter e de todo o Sistema Solar. Em comunicado, a agência espacial explicou que o vapor é proveniente da sublimação do gelo presente na superfície do satélite. 

Os dados foram obtidos pelo telescópio espacial Hubble, em atividade desde 1990. Ele capturou as primeiras imagens ultravioleta (UV) de Ganimedes em 1998, as quais revelaram a presença de oxigênio molecular (O2) na atmosfera lunar. Mas os cientistas perceberam que algumas características não correspondiam àquelas esperadas numa atmosfera de O2 puro. Na época, os pesquisadores assumiram que grandes concentrações de oxigênio atômico (O) na atmosfera estavam causando esta divergência.

A história começou a mudar em 2018, quando uma equipe de cientistas tentou medir a quantidade de oxigênio atômico em Ganimedes. Os cientistas estavam analisando dados obtidos pelo Hubble naquele ano e outros mais antigos, coletados entre 1998 e 2010, quando perceberam que, ao contrário do que havia sido relatado no passado, quase não existia oxigênio atômico na atmosfera daquela lua.

Estudo vai, estudo vem, os pesquisadores chegaram a uma nova explicação: Ganimedes é um satélite extremamente frio, em que as temperaturas caem abaixo dos -100 ºC. Sua superfície é toda coberta por uma crosta de gelo. Por outro lado, seu clima varia bastante ao longo do dia e, por volta do meio-dia, a região equatorial pode alcançar uma temperatura suficientemente quente para que ocorra a sublimação do gelo (a água passa direto do estado sólido para o gasoso). Dessa forma, os cientistas concluíram que a incompatibilidade vista na atmosfera era causada, na verdade, pela liberação de pequenas quantidades de moléculas de H2O no ambiente. O estudo completo foi publicado na revista científica Nature Astronomy.

Alguns cientistas acreditam que Ganimedes tenha um grande oceano líquido em seu interior, que poderia abrigar formas de vida. Mas a descoberta atual não tem nada a ver com esse possível mar. Ela contribui, principalmente, para a compreensão dos pesquisadores a respeito da atmosfera lunar, o que pode ser útil para futuras explorações.

A Agência Espacial Europeia (ESA) planeja lançar a espaçonave Juice (Jupiter Icy Moons Explorer) em 2022, com previsão de chegada a Júpiter em 2029. A missão, que deve durar pelo menos três anos, focará na observação do planeta e suas três maiores luas, Ganimedes, Europa e Calisto. Atualmente, Júpiter também tem sido explorado pela sonda Juno, que ronda o planeta desde 2016. No último mês, a NASA divulgou imagens de Ganimedes obtidas durante a missão, as quais você pode conferir neste texto da Super.

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