Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Papel do pangolim na pandemia de Covid-19 ainda permanece misterioso

Ainda não há evidências concretas de que eles tenham mesmo passado o novo coronavírus para humanos, mas sabe-se que eles hospedam vírus parecidos.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 30 mar 2020, 19h51 - Publicado em 30 mar 2020, 19h50

Desde que a pandemia de Covid-19 começou, no ano passado, cientistas de todo o mundo vêm tentando descobrir qual foi o animal que passou o vírus para os humanos. Nesse meio tempo, um bicho ganhou as manchetes como possível candidato: o pangolim, um pequeno mamífero asiático que também é o animal mais traficado do mundo. Mas novas análises genéticas mostram que a fama negativa do bicho talvez seja injusta.

Conforme reportamos na SUPER em fevereiro, o pangolim foi apontado como possível hospedeiro intermediário do patógeno após cientistas chineses anunciarem que encontraram 99% de semelhança entre os vírus encontrados em pangolins e o SARS-CoV-2, causador da Covid-19.

Mas, depois que o estudo foi publicado, ficou claro que houve uma falha de comunicação: essa porcentagem de semelhança só se referia a uma parte do código genético do vírus – a sequência responsável por codificar as proteínas “spike” da coroa viral, que é usada para parasitar as células. O genoma inteiro do coronavírus animal tinha “somente” 90,3% de semelhança com o vírus humano. Parece muito, mas ainda é pouco para afirmar que foi a origem da doença – espera-se uma semelhança superior a 99% para cravar isso, segundo especialistas.

Outros estudos encontraram valores de semelhança que variam entre 85.5% a 92,4% – novamente, muito pouco para se afirmar que o pangolim é a origem da doença.

Mas também não é o suficiente para livrar os bichinhos. Em um novo estudo publicado na revista Nature, uma equipe de cientistas analisou pangolins-malaios (Manis javanica) resgatados do tráfico de animais em busca de coronavírus. E encontraram: havia diversos vírus no bicho parecidos com o que está infectando humanos atualmente. Ou seja, depois de culpado e inocentando, o pangolim voltou a ser um possível hospedeiro intermediário. Mas ainda não há provas definitivas para cravar sua “culpa”.

Continua após a publicidade

Apesar de tudo, já se sabe que a origem mesmo do vírus se deu em outro animal: os morcegos. Eles são conhecidos por carregarem diversos vírus sem apresentar doenças, e também foram os hospedeiros de outros dois coronavírus que já causaram problemas globais de saúde: o vírus da SARS (Síndrome respiratória aguda grave), que surgiu na China em 2002 e causou 800 mortes no mundo, e o da MERS (Síndrome respiratória do Oriente Médio), que também causou mortes quando surgiu na Arábia Saudita em 2012. Foi nos morcegos, inclusive, que se encontrou o coronavírus mais parecido com o SARS-CoV-2: o número chegou a 96% de semelhança.

É possível, então, que o morcego tenha passado o vírus diretamente para os humanos, mas essa teoria não é a mais forte. Isso porque se sabe que, em geral, esses coronavírus precisam passar de um morcego para um hospedeiro intermediário antes de adquirir a mutação necessária para infectar humanos – é esse o bicho que ainda estamos procurando. No caso da SARS, por exemplo, o responsável foi um mamífero chamado civeta (cientistas encontraram coronavírus com semelhança de 99,8% em comparação com o vírus que causava a doença em humanos). Já a MERS provavelmente chegou a nós através de camelos.

Em janeiro, um estudo havia levantando a possibilidade de o novo coronavírus vir de cobras-asiáticas. Mas pesquisadores de todo o mundo se mostraram céticos, especialmente porque a semelhança não é tão grande assim e porque sabe-se que esses vírus costumam vir para humanos através de mamíferos de sangue quente, bem mais parecidos conosco do que répteis.

Continua após a publicidade

De qualquer forma, sendo ou não o hospedeiro intermediário do novo coronavírus, sabe-se que o pangolim – assim como outros animais selvagens – possuem diversos vírus em seus corpos. A maioria não infecta humanos – ainda. Mas basta uma mutação e o que surge é uma nova pandemia, como estamos vendo atualmente.

Por isso muitos pesquisadores, ativistas e lideranças de todo o mundo vem pedindo o fim do comércio de vida selvagem (a China já baniu a prática recentemente, após pressão internacional por conta da Covid-19, mas outros países asiáticos ainda mantém esses mercados). Quanto menos contato a humanidade tiver com os bichos, menos as chances de um vírus mortal emergia entre nós.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.