Os maiores morcegos carnívoros do mundo são fofinhos e amigáveis
Um novo estudo mostrou esses predadores dividem alimento, brincam com baratas e compartilham abraços apertados.
O morcego-espectral (Vampyrum spectrum) ganhou, há tempos, fama de vampiro do mal: cientistas acreditavam inicialmente que esse mamífero voador era um carnívoro da escuridão, solitário e que só se diferenciava do Conde Drácula por não dormir em um caixão.
Dessas características, apenas uma é verdade. Esses animais são, de fato, carnívoros da escuridão, mantendo uma dieta rica em roedores, insetos e até outros morcegos. Mas eles estão longe de serem solitários e malvados.
Os espectrais são os maiores morcegos carnívoros do mundo, com até um metro de envergadura, e são encontrados do lado de cá do globo: no México, na América Central e na América do Sul. A fama errada veio por conta de seu hábito estritamente noturno – fica difícil estudar os animais na natureza, já que eles se camuflam com o breu.
Uma nova pesquisa, porém, conseguiu superar essas dificuldades e analisar de perto o comportamento de uma família de quatro morcegos espectrais. Por três meses, um grupo de cientistas coletou 502 vídeos da família que consistia em um macho, uma fêmea e seus dois filhotes.
Com câmeras infravermelhas sensíveis ao movimento instaladas dentro de uma árvore oca na Costa Rica, a equipe desmontou os mitos de que os vampirinhos eram seres frios e solitários. O estudo revelou que, na verdade, esses animais são bem mais sociáveis e amigáveis uns com os outros do que se pensava anteriormente. As descobertas foram publicadas no periódico PLOS One.
“Os morcegos espectrais exibem um nível de comportamento cooperativo e cuidado parental raramente documentado em morcegos – uma área fascinante para pesquisas futuras”, disse Marisa Tietge, coautora do estudo e bióloga do Museum für Naturkunde, na Alemanha, em um comunicado.
A partir das imagens, os cientistas identificaram oito tipos principais de comportamentos recorrentes, que incluíam interações sociais, fornecimento de alimentos e brincadeiras. “Temos muitos vídeos em que um morcego simplesmente se afasta dos outros e persegue baratas, mas nunca as come”, disse Tietge para o The New York Times.
Além disso, dentro do poleiro, os morcegos frequentemente se limpavam e emitiam vocalizações sociais uns com os outros. Os vídeos também revelaram uma saudação social semelhante a um abraço, em que um morcego cumprimentava o outro envolvendo o corpo do morcego que retornava com suas asas.
“Ficamos surpresos com a gentileza e a cooperação desses predadores”, disse Tietge. “O comportamento mais cativante foi um abraço coletivo para dormir: cada morcego enrolando uma asa em volta do vizinho, com todos os focinhos se tocando.”
O comportamento dos morcegos espectrais não se limitava às conchinhas; eles também funcionavam como entregadores de delivery e traziam comida uns aos outros. Enquanto a mamãe vampiro alimentava o bebê Drácula, o macho lhe trazia pássaros e camundongos mortos para comer. Eles também levavam carcaças para o filhote mais velho, potencialmente ajudando-o no desmame e na transição para uma dieta carnívora.
Esse tipo de pesquisa vai além da curiosidade: é essencial para a preservação das espécies e de seu ecossistema. “Se sabemos que uma determinada espécie se comporta de uma determinada maneira e, de repente, o comportamento muda, então sabemos que algo está errado”, disse Tietge ao New York Times.
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