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Os filhos das orcas não desgrudam de suas mães – nem depois de adulto

Um grupo de mães dessa espécie abre mão de aumentar a prole para alimentar os filhotes machos. Mas isso pode ser um problema.

Por Leo Caparroz
10 fev 2023, 19h07

Esqueça o “mãe coruja”: uma expressão mais adequada seria “mãe orca”.

Os filhotes macho da espécie passam anos ao lado da mãe, alimentando-se do que ela caça. Já as fêmeas se tornam independentes mais cedo, para começar suas próprias famílias.

Isso não é novidade. Já se sabe que algumas orcas compartilham o alimento com sua prole, e que as mães tomavam cuidado especial com seus filhos. Porém, um novo estudo trouxe novas informações sobre o nível de sacrifício das mães para continuar cuidando dos seus meninos.

Um grupo de pesquisadores analisou 40 anos de dados sobre as famílias de mães-orca em idade reprodutiva de uma população no nordeste do Pacífico Norte. E eles encontraram uma sólida correlação entre o número de filhos que acompanhavam as fêmeas e a probabilidade anual de ter novos filhos.

Eis o que eles descobriram: se uma mãe já tinha um macho para cuidar, as chances de se reproduzir novamente caem pela metade se comparado com se ela tivesse tido uma fêmea ou se ainda não tivesse filhos.

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Vale ressaltar que essa probabilidade não diminuía com a idade. Ou seja, o esforço despendido com o filhote de 5 anos restringia a mãe do mesmo jeito que um filho adulto com mais de 20.

Ogrupo de orcas analisado pelos pesquisadores costuma passar bastante tempo na costa oeste do Canadá e noroeste dos EUA. E, apesar das orcas estarem na categoria “dados insuficientes” na Lista Vermelha da IUCN, que mede o estado de conservação das espécies, essa população em especial, com apenas 73 membros, é considerada ameaçada de extinção.

Mas, afinal: de onde será que vem toda essa dependência materna? O principal motivo seria a alimentação. Depois que a mãe-orca consegue o salmão, ela surge com o peixe de lado na boca –  e morde com tanta força que parte o peixe no meio. O bichinho flutua para trás e vira comida fácil para o seu filho.

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O problema é que machos adultos podem ser grandes demais para caçar um salmão com eficiência. Já as mães, por serem menores (e mais experientes), provavelmente não são só melhores em pegar o peixe, mas também em encontrá-lo. Os pesquisadores acreditam que é justamente esse cuidado adicional delas que mantenha os machos vivos.

Quando o excesso de cuidado vira problema

A dieta desse grupo de orcas é formado principalmente de salmão –  e de um tipo específico, o salmão-rei (Oncorhynchus tshawytscha), que está ficando cada vez mais raro na região.

Aí é que está o problema. Com menos oferta de comida, o sacrifício das mães se torna ainda maior. As mães de macho, em vez de criar novos filhotes (e aumentar a população do grupo), se dedicam a caçar o pouco salmão disponível para os filhos. Elas se colocam em risco para garantir a alimentação deles (que, devido à escassez de salmão, tem sido insuficiente).

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Um sacrifício louvável –  mas que pode não ser suficiente para tirar a ameaça de extinção do grupo.

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