Entenda o fenômeno que impulsiona experimentos com teletransporte, e que pode ser a via para a criação de computadores quânticos.
Por Salvador Nogueira
8 dez 2017, 20h01 • Atualizado em 8 dez 2017, 20h02
(StarTrek/Reprodução)
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Uma das coisas mais intrigantes da mecânica quântica é que ela sugere que partículas podem se manter em contato, de algum modo, mesmo estando a um universo de distância. E o pior: esse contato se dá instantaneamente.
Foi o que Albert Einstein chamou jocosamente de “fantasmagórica ação a distância”. Sua intenção, ao falar isso, era descredenciar o que a teoria descrevia, sugerir que não passava de uma fantasia. Pois não só não era fantasia como hoje os físicos usam o fenômeno corriqueiramente no laboratório para realizar teletransporte.
Calma, não é nada como colocar o capitão Kirk numa plataforma e fazê-lo desaparecer para se rematerializar na superfície de um planeta distante. O que se desloca, no teletransporte quântico, é a informação.
A primeira demonstração, engenhosamente planejada pelo suíço Anton Zeilinger, na Universidade Innsbruck, foi feita em 1997. Eles usaram fótons – partículas de luz – e conseguiram transportar o estado quântico de uma para outra. Na prática, é como se a segunda se transformasse na primeira.
AVANÇOS E FREIOS
Desde então, temos visto avanços notáveis do uso da fantasmagórica ação a distância. De fótons individuais, os cientistas passaram a feixes de luz, e dali para átomos individuais. Em 2009, cientistas americanos teletransportaram um átomo de itérbio (com nada menos que 70 prótons em seu núcleo) a uma distância de um metro.
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Contudo, os cientistas sempre reforçam a ideia de que transportar pessoas será quase impossível, mesmo no futuro longínquo. Isso porque o teletransporte quântico exige antes que se crie esse “vínculo” entre as partículas que serão transportadas e as que receberão o “transplante” de estado quântico.
Mesmo que seja possível fazer isso com todos os zilhões de partículas que compõem um corpo humano, ainda teríamos de realizar o transporte antes que essas partículas interajam umas com as outras – pois a interação desfaz o chamado entrelaçamento quântico.
“Essa correlação quântica é muito frágil. É por isso que pessoas e outros objetos macroscópios agem de forma clássica, e não como na mecânica quântica”, afirma Lawrence Krauss, físico da Universidade Estadual do Arizona.
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Supondo que fosse possível, ainda seria preciso enfrentar uma questão prática: a pessoa teletransportada seria a mesma que foi desmaterializada, ou apenas uma cópia idêntica que só pensa que é a original? Como meio de transporte, não anima muito, não.
PARA COMPUTAR
Então, se não serve para transportar pessoas e objetos, para que servem esses experimentos, além de perturbar Einstein no além-túmulo? Os cientistas apostam que tecnologias como essa formarão a base de computadores quânticos, que usarão as propriedades da física das partículas para realizar cálculos impossíveis por vias convencionais.
Por exemplo, se usamos a interação de partículas para fazer cálculos, podemos explorar sua sobreposição de estados (mencionada na página 41) para conduzir diversas operações matemáticas ao mesmo tempo – algo que um computador comum não poderia fazer nem em 1 milhão de anos.
Também existe a possibilidade de usar teletransporte quântico para criar um sistema de criptografia inviolável. A informação que é teletransportada viaja sabe-se lá por onde (justamente o que incomodava Einstein) ou como, mas chega a seu destino, sem dar chance de interceptação. Nesses tempos de vigilância internética total, está longe de ser uma má ideia.
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