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”O humor é uma arma da ciência”

Ele usa Simpsons para explicar multiverso e dá risada ao ser trolado em "The Big Bang Theory". Conheça o físico que virou ícone pop - sem perder a piada.

Por Rodrigo Rezende
Atualizado em 20 jan 2017, 20h02 - Publicado em 5 dez 2015, 16h45

Conversamos com Brian Greene, físico e autor do livro O Universo Elegante, que já vendeu mais de um milhão de exemplares.

Você dedicou a vida inteira a ensinar ciência a leigos. Já pensou em fazer algo útil de verdade?

(Rindo) Já me perguntaram isso em tom de piada! (Greene saca que a pergunta é uma brincadeira – é a mesma que foi feita a ele num episódio da série de humor The Big Bang Theory). Mas existe uma questão real aí: faz sentido tentar passar ideias científicas complexas a pessoas comuns? Eu acredito que sim. Você não tem que se esforçar para despertar o interesse pela ciência. Ele já existe.

”Parece um show de comédia”, diz o personagem Sheldon Cooper, em tom de crítica, sobre as suas palestras. Você acha negativo misturar ciência e humor?

Não acho. Desde que o humor esteja a serviço da ciência, acho muito positivo usá-lo para comunicar ideias complexas. Quando o público ainda não está familiarizado com certos conceitos, existe um limite para o quão profundo você pode ser. Mas basta fazer o público rir no meio de uma palestra que esse limite é ”resetado”. Depois da piada, é possível aumentar o nível de dificuldade sem que o público se canse. O humor, na realidade, pode ser usado como arma estratégica para fazer o cérebro humano absorver mais conhecimento e compreensão.

A teoria do multiverso (que fala sobre Universos paralelos e é uma das principais áreas de pesquisa de Greene) virou até tema de piada em série de TV. Isso significa que o conceito já faz parte da vida das pessoas?

A ideia de que há uma infinidade de universos é tão perturbadora quanto empolgante. Hoje em dia, há referências a ela em uma série de contextos pop. Mas, frequentemente, essas referências não têm nada a ver com o real significado do termo na ciência. É como uma dessas palavras científicas, como ”quântico”, que são usadas pelo público com o sentido de ”esquisito” ou ”de outro mundo”. Acho maravilhoso que as pessoas fiquem intrigadas com isso. Mas, se a ideia de multiverso é para ser levada em conta no modo como pensamos a realidade ou a nós mesmos, ela tem de ser comprovada cientificamente. e isso ainda não aconteceu.

Seria preciso surgir um novo Einstein?

Acho que já existem pessoas com capacidade intelectual comparável à de Einstein. A quantidade de intelecto em atividade na ciência é gigantesca. Acho mais difícil uma única pessoa ter o impacto que Einstein teve porque a ciência evoluiu muito, e se tornou bastante complexa. Mas gosto de pensar que, a qualquer momento, pode surgir alguém de um canto do planeta e mudar tudo.

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Como o seu trabalho contribui para isso?

Parte do meu trabalho e de outros é fazer com que a matemática perca a imagem de coisa difícil, e passe a ser vista como uma ferramenta capaz de gerar grandes insights sobre a realidade. eu acho que, quando as pessoas começarem a sentir que os símbolos que rabiscamos em pedaços de papel podem revelar segredos sobre a curvatura do espaço-tempo, a natureza dos buracos negros, a origem do universo, o comportamento das partículas fundamentais que formam nosso corpo, agem no nosso cérebro e nos fazem sentir emoções e formar pensamentos… Quando as pessoas perceberem o que esses rabiscos podem explicar, elas terão consciência de que a matemática é uma coisa a ser celebrada. E não a ser temida.

Leia mais: O cientista do The Big Bang Theory

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