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O Hubble está velho. Como a Nasa vai mantê-lo funcionando até 2035?

Defeitos estruturais e problemas com os giroscópios mostram que o telescópio não tem mais a mesma força da juventude, mas pretende continuar trabalhando.

Por Eduardo Lima
9 jun 2024, 10h00

O telescópio espacial Hubble foi lançado há mais de 34 anos, no dia 24 de abril de 1990. O satélite artificial da Nasa foi o primeiro telescópio a observar a vastidão do Universo diretamente do espaço. Graças a ele, pudemos observar galáxias em detalhes e calcular a expansão do Universo com mais precisão. Agora, ele parece estar querendo se aposentar.

Quando o Hubble foi lançado, uma falha no seu espelho principal deixava todas as imagens do telescópio desfocadas. Esse problema foi resolvido em 1993, por meio de uma missão espacial para reparos. Desde então ele tem funcionado bem, com falhas ocasionais que foram consertadas.

Em maio de 2024, o telescópio entrou em um “modo seguro” de proteção depois de detectar uma falha em um de seus giroscópios – dispositivo que ajuda os membros da missão do Hubble, na Terra, a apontar o telescópio para seus alvos. O tempo implacável continua passando no espaço, e o satélite começa a dar sinais de cansaço.

A Nasa anunciou na última terça (4) que esse defeito estrutural não pode ser consertado. O Hubble, que antes tinha seis giroscópios funcionando, ficou com dois. Agora, para garantir mais alguns anos para o telescópio, a agência espacial dos Estados Unidos vai passar a operá-lo só com um giroscópio, deixando o outro de reserva para quando esse quebrar.

Pisando no freio

A primeira missão que consertou um giroscópio do Hubble aconteceu em dezembro de 1993. Desde então, os equipamentos foram substituídos mais quatro vezes, até maio de 2009. Só seis giroscópios operam no telescópio de uma vez, mas 22 já passaram por lá. Desses, nove apresentaram falhas.

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Dos seis dispositivos normalmente disponíveis, o telescópio normalmente opera só com três, deixando a outra metade como plano B. Mesmo trabalhando com três, ainda tem uma margem de erro embutida no cálculo: o Hubble já foi operado só com dois giroscópios e o auxílio de outros sensores sem problemas.

Os especialistas da Nasa afirmam que a diferença entre operar com um ou dois giroscópios é mínima e insignificante. A partir do meio de junho, o Hubble já vai operar no modo com um só, diminuindo seu ritmo de trabalho, mas continuando com suas observações.

Há uma probabilidade de 70% de continuar com um giroscópio até 2035, segundo Patrick Crouse, o gerente do projeto Hubble na Nasa. Ele não vai mais ser tão eficiente: agora, o telescópio demorará mais para trocar de um alvo para outro.

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Mesmo que um dos giroscópios continue funcionando perfeitamente até 2035, talvez a física seja mais rápida em enterrar o Hubble. O meio da década de 2030, segundo cálculos dos cientistas da Nasa, é o início da janela de tempo em que o arrasto (a força que resiste ao movimento de um objeto por um fluido) poderia levar o Hubble a pegar fogo na atmosfera terrestre. Seria um enterro digno de herói viking ou mestre jedi para o telescópio que mudou a astronomia para sempre.

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