O cabelo de Donald Trump mora na Amazônia
A dona dessa cabeleira é uma lagarta comum na América do Sul - evolução convergente?
Poucas coisas são mais fascinantes na biologia que a evolução convergente. Golfinhos não são peixes, você sabe. Mas são mais parecidos com um tubarão ou com um atum do que com o mamífero do qual ele evoluiu – um bicho gordo de quatro patas parecido com um hipopótamo, e que não por acaso deu origem também ao hipopótamo. Isso é evolução convergente: os peixes evoluíram a partir de animais primitivos parecidos com águas vivas. E desenvolveram forma de peixe há mais ou menos 500 milhões de anos, já que o design afilado com nadadeira no rabo movida pelo rebolado da coluna vertebral provou-se a melhor maneira de viver dentro d’água. Os golfinhos são bem mais jovens. Há 50 milhões de anos, eles ainda tinham quatro patas e corpo clássico de mamífero. Mesmo assim, em pouco tempo desenvolveram corpo de peixe – pelo simples fato de que se trata do melhor tipo de corpo para espécies que jamais saem de dentro d’água.
Existem mais exemplos de evolução convergente: asas apareceram em aves, mamíferos (morcego) e répteis (pterossauros); animais pouco aparentados ganharam cascos de forma independente, Donald Trump e a lagarta ali em cima desenvolveram o mesmo cabelo.
Trump você sabe quem é. Então vamos apresentar a lagarta: trata-se de uma Megalopyge opercularis, que vive nas florestas da América do Sul e do Norte.
A cabeleira, na verdade, é cheia de espinhos microscópicos. E eles soltam uma substância química que irrita a pele dos predadores. A opulência pilosa provavelmente é uma espécie de pena de pavão – serve mais para atrair parceiros sexuais da mesma espécie do que para qualquer outra coisa.
Claro que a semelhança do cabelo de Trump com a lagarta não é de fato um exemplo de evolução convergente. A coisa que Donald carrega na cabeça não vem exatamente da natureza – a ciência e as revistas e fofoca ainda não sabem dizer se é peruca, implante, cabelo ou uma mistura dos três.
De qualquer forma, esse foi um enfeite que dois tipos de animal – a Megalopyge opercularis e um Homo sapiens de meia idade e gosto duvidoso – desenvolveram por conta própria. E isso não deixa de ser fascinante.